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Coréia!?

O Japão, a China, até os países do sudeste asiático, mas Coréia? Aquela pequena península cercada de perigos por todos os lados? Sim, a Coréia é maior que tudo isso!

Em palavras mais atuais, A Coréia do Sul é o bicho, é top mesmo!

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Para começar, NÃO PRECISA DE VISTO para brasileiro.
Isso já é meia viagem arrumada, uma surpresa que possamos entrar em um país do extremo oriente sem as dificuldades de obter um visto.

Como fim de viagem, aqueles últimos cinco dias, uma passada na Coréia é um fecho de ouro de uma jornada de reconhecimento ao outro lado do planeta.

Chega dos chavões da Europa! Está na hora de se ir mais longe! Para exatas doze horas de fuso horário do Brasil

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Sete horas de avião de Singapura, cercada em ambos os lado pelo mar, o da China ou o do Japão. A península está bem ali escondendo seus tesouros de cultura, de população, de muitos séculos!

E basta chegar em Incheon, o aeroporto principal de Seul e de toda a Coréia, que qualquer dúvida rui por terra. Incheon é imbatível. E tem o outro de Gimpo, a meio caminho entre a cidade e este gigante. Mas ele, deixa prá lá por enquanto.

As formalidades de fronteira são cumpridas de forma impecável, aonde se chega depois de escadas rolantes altíssimas e desertas, de salas amplas e assépticas.

Portal Aeroporto Incheon
Como ir de  Incheon até o Centro de Seul

Havíamos lido bastante sobre  as opções de como chegar até Seul, vindo de Incheon. Mas assim que se sai para o saguão de desembarque, você é realmente acolhido por funcionários que te orientam e te indicam o local onde se compra os bilhetes do trem expresso.

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Não se tratam de agenciadores, mas de reais ajudas, com toda a incomparável postura da cultura daquele povo.

Por mais que se tenha presenciado, a ficha não caiu, já que os mitos ainda predominam nos pré-concebimentos.

O aeroporto, os agentes de imigração, os funcionários de acolhimento, todos são vistos como mais um aeroporto de primeira classe, não como o que realmente significa tudo aquilo.

Mas basta a porta do vagão do trem que vai rápido em direção a Seul se abrir, e a funcionária se curvar em um respeitoso cumprimento oriental aos passageiros que assistem sua entrada, é neste momento que as escamas dos olhos caem. Aquilo é a mais fina educação, a mais preciosa cultura.

Desde o momento que o avião tocou o solo da Coréia que estamos sendo tratados com a finura do portar que nos fez sentir como meros selvagens. Foi neste momento que percebemos que o oeste ficou para trás ou que jamais atingiu este nível de civilidade.

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A funcionária fazia de tudo para não invadir a privacidade daqueles que tinham por obrigação mostrar-lhe os bilhetes, e da forma irrepreensível que chegou, lá se foi ela, como que levitando trem afora, se envolvendo por força de profissão com aqueles bárbaros.

O trem aeroporto-Seul vai direto para a estação bem no que poderia ser chamado de centro da cidade. Ali você pode se conectar com o metrô, ou na posse de muitas malas, conseguir um taxi que ordeiramente esperam em fila na parada em frente.

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Táxi em Seul destoa dos demais táxis do mundo. É relativamente barato, e o que é melhor, não haverá os costumeiros golpes de seus confrades planeta afora. O que está no taxímetro é o que você vai pagar, e o nosso, apesar das malas, nos cobrou muito em conta, merecendo ficar com o troco.

Hotéis em Seul são caros. Você terá que pagar como em Hong Kong, em Londres etc. Assim que você se conforma que terá que desembolsar um bom valor para se acomodar, é hora de ver a região da cidade que mais te serve. Porém Seul tem aquele detalhe: UM SUPER METRÔ, e talvez ficar um pouco mais longe, contudo perto de uma estação de metrô, pode te fazer economizar um bom dinheiro.

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O metrô realmente é eficiente, e nele você também, eu disse também, irá ver o quanto a Coréia se desapegou do mundo e está á frente de seu tempo.

Em um vagão de metrô você encontrará a maioria dos idosos sonambulando nas viagens que as vezes demoram mais de uma hora. Os passageiros de média idade estarão apegados à seus jornais, seus livros, porém a TOTALIDADE dos jovens permanecerão plugados na internet, como se um metrô fosse um laboratório de informática onde todos, mas todos mesmos, não se desgrudam de seu canal com o mundo.

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A adesão à internet está além das outras metrópoles onde uma boa parte apenas está plugada. Em Seul a coisa torna-se TOTAL.

Mapa do metrô de Seul
Página do metrô de Seul

Comprado um cartão em uma das máquinas que abundam em cada estação, você o irá recarregar em Wons, assim que seus créditos se esvaírem, o que depende do quanto você anda pelo metro.  Sua viagem deve ser anotada quando entra e sai da estação pela passagem do cartão nas roletas de acessos.

Por exemplo, a linha verde circular, leva um pouco mais de uma hora para completar uma jornada e neste período, quando você verá muito de Seul, o valor de sua viagem dependerá desta distância percorrida.

Não achamos o metrô tão caro assim, cidades como Londres, NYC, oneram mais o turista com transporte do que Seul.

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Ficamos em Gangnam, o distrito do vídeo que fez sucesso mundo afora, mais porque estávamos próximo do metrô e do Coex, que é um centro de convenção gigantesco. Na verdade, em Seul a palavra gigantesco pode ser usado em quase tudo.

Quando entramos pelo pequeno hall do hotel onde nos hospedamos, os funcionários da portaria interromperam suas atividades e fizeram profunda reverência em nossa direção. Quase que alguns de nós foram ás lágrimas com tamanha civilização deste povo e me senti algo selvagem frente à eles.

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Este Coex, costumávamos dizer que dava para pousar pequenos aviões pelos seus corredores de mármore, o pessoal da limpeza trabalhava de carrinhos elétricos, e a noção de grande que tínhamos trazido dos EUA, ficou pequeno quando passamos a comparar com os prédios públicos de Seul.

Comparo o bairro de Gangnam como se hospedar perto da Av. Paulista em São Paulo, pois trata-se de um centro comercial, financeiro, bancário, além do fato que existem inúmeras ruas onde a animação rola até a noite, e os restaurantes abundam para todos os gostos.

Falando em restaurantes, a impressão que tivemos em Seul foi de que as refeições são relativamente baratas quando comparadas aos cafés da manhã nas redes como Starbucks e similares que estão por todo e cada lugar da cidade. Em Gangnam ( como em toda a cidade) você poderá comer um pizza deliciosa, um Din Tai Fung, restaurantes coreanos e chineses (cuidado com a pimenta), todos a preços razoáveis.

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Todo o conjunto de Pizza Hut, KFC, Macdonald´s e tudo que se refira aos fastfoods estão por toda parte. No entanto achamos que a comida coreana é para iniciados, e foi quando ficamos sabendo que eles cortam os alimentos com tesouras, sendo as facas um utensílio mais da culinária ocidental. O pedido por um garfo sempre foi atendido com simpatia apesar que as vezes com alguma pequena brincadeira do garçom.

De novo o clichê da comida de carne de cachorro nos soou mais como quem tomou uma exceção pelo universo. Quem se atém a clichês não costuma chegar muito longe. Belo ditado!!!

Nem pensamos em alugar carro em Seul, pelo pouco tempo que tínhamos, pela eficiência do transporte público. Completamente inútil para nós que teríamos uma experiência apenas urbana.

A mão de direção é a mesma do Brasil e a Hyundai impera junto com sua outra marca, a Kia.

A torre de Televisão

Na região geográfica central de Seul, no ponto mais alto da cidade – monte Namsan, fica a torre de TV que permite uma visão de 360 graus da cidade.

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Uma subida alucinante pelo elevador que simula uma viagem pelo espaço sideral, após validar o bilhete com preço razoável para a atração, logo você se encontra na torre juntamente com uma pequena multidão, e se encanta com a visão de uma cidade muito bela.

Com as distâncias para as cidades do mundo escritas nos vidros, justamente na direção onde elas se localizam, percebe-se que estamos a 18 mil km do Rio e de SP, e menos de 300 km de Pyong Yang, a capital irmã, tão perto, tão longe e impossível, até sabe-se quando.

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A chegada até a torre se dá pela estação de metrô Chungmuro, linha 3 ou 4. Lá, peça informação onde pára o ônibus que sobe lentamente o morro até a torre, onde você terá uma pequena distância à pé até a bilheteria.

Pessoas sobem e descem a estrada, pegando atalhos e aproveitando a bela caminhada, em uma região onde é seguro ser pedestre ( e cidadão).

Outra opção é o teleférico que você acessa pela estação Myeongdong, onde te informarão o local de onde é a partida dos cablecars.

Portal da torre de Seoul

Gyeongbokgung

O palácio imperial de 700 turbulentos anos se localiza bem na área central de Seul, acessivel após rápida caminhada desde a estação de mesmo nome do metrô, com uma vasta praça antes de sua entrada, onde uma feira de artesanato e apresentações de artistas de rua se sucedem.

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Vale a pena visitá-lo. O bilhete de entrada é em conta, e dentro da sucessão de pátios e construções você vai tendo uma boa amostra da arquitetura oriental e se você ainda não conhece a cidade proibida de Pequim, muito da surpresa será atenuada já que a cidade imperial de Seul tem de sobra o estilo desta última.

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Fotos incríveis e eternas podem ser conseguidas frente a pagodas e lagos. Ao fundo, as montanhas brancas que tanto lembram Seul pelo mundo afora.

Portal da cidade imperial de Seul.

Bukchon – a vila antiga

Pela linha 3, estação Anguk do metrô, você tem acesso a este distrito de casas e ruas que nos dão uma noção de uma Seul antiga, envolta pela gigante progressista da Seul atual.

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Patrimônio histórico, ainda abriga residentes cuja intimidade e sossego são por pouco ou quem sabe sempre, invadidos pela multidão que vaga pelas vielas, entre casas de chá, lojas de autentico artesanatos e outras atividades artísticas, e à medida que vai se subindo a colina, mais da velha e da nova Seul é contabilizada na memória que nunca se vai apagar.

Itaewon – o bairro dos estrangeiros.

Com um pouco de tempo sobrando, visite este bairro que é onde os americanos fizeram seu posto avançado dentro de Seul.

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Na estação de metrô do mesmo nome você terá acesso a uma região onde de imediato perceberá que a população coreana perde lugar aos americanos, e demais gentes do mundo inteiro, com construções arremedando uma cidade de médio porte dos EUA.

Existe um aumento do número de casas de cambio, de soldados americanos de folga procurando o que fazer longe de suas ocupações em uma região onde o passado bélico ainda deixou suas cicatrizes.

Enquanto isso, a grandeza e altivez do jeito de ser coreano segue intocável.

Portal para Itaewon

Rio Cheonggyecheon 

Exemplo de recuperação urbana de um rio fadado à sina dos pequenos córregos que cortam as grandes metrópoles, este rio hoje permite a visão através de suas águas transparentes de peixes que vivem tranquilamente ao longo de seu curso pelo centro de Seul.

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Lugar onde os cidadãos desta afortunada cidade sentam às suas margens, assistem shows de luzes à noite, passeiam e conversam, o rio que se inicia perto do palácio imperial, vai descendo bordeado por prédios arrojados de grandes companhias.

Vale a pena alguns momentos caminhando por suas margens e cruzando seu caudal pelas pequenas passarelas de pedra e algumas pequenas pontes.

Cosméticos.

Segundo a informação que me passaram e do qual fui testemunha, Seul é um paraíso para compra de cosméticos, adquiridos por baixos preços, com produtos de excelentíssima qualidade que em outros lugares do mundo seriam pagos a preço de ouro.

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As lojas se sucedem rua abaixo e acima, as mulheres vão aumentando geometricamente o volume de compras, e não seria exagero afirmar que um stop em Seul, apenas para a compra de produtos cosméticos se justifica, quando em visita pela região.

Esta mina de ouro para as mulheres se encontra no distrito de Myeongdong, cujo acesso pode ser feito pela estação de metrô do mesmo nome, e não apenas cosméticos ,mas todo tipo de compra(roupas,acessórios, eletrônicos) para quem gosta do “esporte”, tudo isso nesta região de extrema movimentação comercial.

Zona Desmilitarizada

Mesmo durante uma rápida viagem à Coreia, como não visitar este símbolo do passado e de um presente ainda pungente, de um período sombrio da história da moderna civilização mundial?

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Optamos por irmos direto ao escritório de uma companhia que expunha seus folders no hall de nosso hotel. Acho que eles próprios se surpreenderam mas nos receberam na maneira incomparável de educação coreana, desde o porteiro do prédio que virou nosso cicerone temporário, até a funcionária que nos tratou muito bem.

Combinamos a visita para o dia seguinte, em um microônibus que nos buscaria em nosso hotel.

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Pode-se escolher por variedades tipos de excursão na DMZ. Optamos pela que dura cerca de 06 horas além do translado de ida e volta, com um guia falando inglês. Inclui uma descida a um túnel de invasão escavado pelos norte-coreanos (Terceiro Túnel de invasão), visita ao posto de observação de Paju, de onde se avista a Coréia do Norte através de binóculos, parada na estação ferroviária de Dorasan, novinha em folha, esperando o dia da reunificação quando os trens dela partirão rumo ao território bloqueado do norte, visita ao local da velha locomotiva danificada por projéteis norte-coreanos e local da chamada Ponte da Liberdade.IMG_2733

Vê-se então que o assunto reunificação jamais deixou de existir nas mentes e corações dos Sul-Coreanos.

A visita tem um certo grau de tensão, as pessoas se entreolham preocupadas e isto claramente se acentua quando as explosões vindas do norte são ouvidas, somadas às histórias de incidentes bélicos recentes onde postos de observação foram atingidos causando a morte dos jovens que servem obrigatoriamente o exército Sul Coreano.

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Obviamente que o visto em abundância e os assuntos levantados durante estes momentos tão intensos de visita, levam a reflexões profundas sobre ideologias, e mesmo sobre a raça humana da qual fazemos parte.

Considerações

Os habitantes de Seul falam um pouco de inglês, mas a língua também não é um problema para o viajante, já que predomina a boa vontade.

Obviamente que as atrações em Seul não terminam com estas citadas acima. Diria mesmo que o que foi dito é apenas uma pequena amostra das dezenas outras atrações que existem na cidade.

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Seul parece não se esgotar, imagina então se a visita pudesse se estender ao resto do país, e mesmo à ilha de Jeju?

Com um povo educado e prestativo, exemplo de civilidade e distinção, qualidades a todo momento voltadas em direção ao visitante a ponto de nos fazer sentirmos seres brutos frente à tamanha fidalguia, aí é que não se entende mesmo este estado de beligerância na península.

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Potência econômica, modelo do desenvolvimento tecnológico, primor de urbanismo em sua capital, logo se percebe, se não a mais importante razão para tudo isso, pelo menos uma delas: apenas uma vez vimos uma criança no metrô durante o horário diurno, em todo o tempo que estivemos atentos a isso. Certamente a totalidade das crianças cumpriam a carga horária de tempo integral escolar a que os meninos e meninas coreanas são submetidas.

Quem não gostar de uma viagem à Seul, não é viajante. Isso afirmo com certeza.

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Trata-se de uma cidade onde uma estadia de 07 dias poderia ser posta no roteiro de quem por este canto do planeta viaja, e mesmo assim correndo o risco de não ver tudo, ou ver novamente, que é o que se sente quando se conhece seus encantos.

A última demonstração de fineza veio do motorista da Van que nos levou de volta à Incheon.

Nas suas luvas brancas parecia não entender porque aquele bando de pessoas insistia em fazer coisas que, pelo que parece, apenas lhe cabia, como pegar todas e cada uma das malas, pô-las no carrinho do aeroporto que ele deveria buscar, e não nós. Por último se deu por vencido, e desolado, fez respeitosa vênia com o corpo em nossa direção.