A MIRAGEM REAL

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A MIRAGEM VERDADEIRA

Para um viajante, sobrevoar países como a Nigéria, o Chade, o Sudão – e lá embaixo perceber o vulto legendário e milenar do rio Nilo, depois atravessar a 10 mil metros de altura o Mar Vermelho, cruzar a terra sagrada do Islamismo – a Arábia Saudita, descer o golfo Pérsico vendo as luzes de Doha, de Abu Dhabi, e  aterrissar no pós moderno de Dubai – isso comove.

Longe da rota Europa, do caminho para a America do Norte, agora novos destinos são descobertos.

Para um viajante, isso conta. E muito!

O aeroporto de Dubai, que já mereceu uma série de um canal de televisão paga, fica ao nível (mas não mais) do que se esperava.

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A chegada é grandiosa, suntuosa, e logo se é recebido pelo pessoal de fronteira, que sem muito trabalho, inspeciona o visto impresso, visto on line, da folha anexa dentro do passaporte.

Na verdade, chegar e sair de Dubai por via aérea, nos remete aos filmes da nova série de jornada nas estrelas, quando as naves descem naqueles planetas de edifícios impensáveis, de arquitetura nunca antes concebidas. Dubai é o pós moderno, é difícil aceitar que aquilo ali existe de verdade no planeta terra.

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Voltemos ao aeroporto. Os funcionários vestidos em suas roupas árabes são ágeis e discretos, sem intimidades ou perguntas.

Pois é, o visto de quem compra a passagem na Emirates é fácil e seguro de ser obtido pela internet, no link que o próprio site da Emirates fornece. Em poucos dias ele está em pdf na caixa de entrada de seu email.

Para quem vai por outras companhias tem que se virar com despachantes e outras agruras que enfrenta quem pretende ir à um país que exige visto de entrada. Consulte a internet para maiores esclarecimentos. Espero que logo isso mude e a Etihad já esteja promovendo a mesma facilidade para seus clientes.

Em seguida, no aeroporto, as malas e bagagem de mão, casacos etc são inspecionados na maquina de rx, numa espécie de segurança para embarcar, só que neste caso, para ter acesso ao portão de saída do aeroporto.

Lá fora a primeira armadilha para quem chega por conta própria o espera: os dois tipos de taxis. O comum, com taxímetro funcionando apropriadamente, geralmente um sedã coreano ou japonês, e o outro tipo de taxi, de cor escura, com taxímetro da mesma forma honesto, porem que te cobra umas quatro vezes mais pela mesma corrida.

Como andamos nos dois tipos de carros enquanto em Dubai, o que muda mesmo é somente a pintura e o preço da corrida.

Portanto é melhor ter cuidado na saída do aeroporto, todos vão te levar para a fila do taxi mais caro que é a mesma, ou é paralela com a do taxi mais em conta. E bater o pé quando o assunto é preço faz parte e não causa trauma no mundo árabe.

A mão de direção em Dubai é a mesma do Brasil, existe um ordenação de trânsito não existente no mundo árabe, ou no oriente ( China, Vietnam p. ex), que faz a ilusão de estar no ocidente de primeiro mundo. Sinais de trânsito são respeitados, faixa de pedestres garantem relativa segurança. Contudo, para quem vem do Brasil, existe sempre a desconfiança do motorista que aproxima.

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Os taxis brancos, digamos assim, são relativamente baratos, bem baratos, e permitem deslocamentos impossíveis a pé, já que além da parte antiga da cidade – região de Deira e cercanias, as ruas não foram feitas visando o pedestre em primeiro lugar.

Muitas não tem passeio, o sol é inviável, as distâncias são impraticáveis.

Dubai tem um metrô se desenvolvendo, que em poucos anos já atingiu distâncias consideráveis na enorme cidade, com suas duas linhas que se cruzam em duas estações.

IMG_4677Estação de metrô de Dubai.

O metrô é todo automático, sem condutor, parte de estações futurísticas, impecavelmente limpas, seguras, vigiadas.

O bilhete pode ser comprado de máquinas ou do funcionário que é gentil e fala inglês. ( Todo mundo ali parece falar inglês).

IMG_4646Estação de Metrô

Para todo um dia, 30 Dirhams para o bilhete simples, o dobro para o bilhete gold, em um vagão exclusivo com poltronas, ar condicionado, e despovoado da multidão de indianos, paquistaneses, e todas as demais nacionalidades que vieram aos Emirados Árabes Unidos para construir o país, uma espécie árabe dos nossos Candangos.

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Existe ainda um vagão exclusivo para mulheres e crianças pelo preço do vagão comum e a multa por violar as classes de vagões do metrô é de 100 Dirhams, cerca de 30 dólares – e os fiscais sãos constantes e implacáveis.

Além do metrô, existe um Tram ( bonde de superfície) que corre paralelo e adentrando outros bairros, cruzando com o metrô em varias estações, e se situa na região norte? da cidade, o qual você pode usá-lo com o mesmo bilhete diário comprado para o metrô.

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Cuidado com o vagão de mulheres e cuide-se por marcar o bilhete, tanto na entrada quanto na saída, porque a multa também é de 100 Dirhams e eles vão te dizer que você violou as leis do transporte – sentença terrível para quem quer apenas viajar e conhecer.

Por este Tram, em uma de suas estações, e a custa de pequena caminhada, chega-se ao Monorail que o levará a uma das improbabilidades, mas que no caso de Dubai, se concretizou: a palmeira de terra artificial, gigantesca, com muito dos seus prédios ainda em construção, porem com muita área já terminada, em uma viagem cinematográfica, realmente pós-moderna, assim que se avista o hotel no final da linha, e às custas de muito esforço para se acreditar – é verdade mesmo, não é truque de computador. Aquilo existe!

DSC_0067Monorail
Quem olha para o mapa de Dubai percebe logo que esta palmeira não está sozinha, existe outra maior em projeto, como também um mundo artificial, um mapa-mundi sendo criado tomando do golfo pérsico sua superfície de água e mudando-a para espaço de dourada exclusividade.

Do avião também é possível perceber que esta tendência de roubar do mar sua área, se repete em pequenos projetos, alguns ainda sob a forma de placas de areias tentando tornar-se algo viável, outros ancorando um barco, ou seja lá o que for.

No metrô que antes predominava os imigrantes, agora nestas vias de turismo imperam os orientais, principalmente os chineses, esmagadora maioria, que em seus 10% de aptos ao turismo, formam um Brasil de 200 milhões de indivíduos soltos pelo planeta, invadindo cada canto do mundo onde um destino turístico exista.

Talvez não tanto em nossas terras este fenômeno chinês se repita, já que formamos apenas um beira marginal do turismo do mundo. Mas que em cada mil turistas, 900 são chineses, basta estar lá para comprovar.

Deira.

Quando penso em mundo árabe, em Dubai, Deira seria o destino. Não deixa de ser, tem o sabor, o cheiro de condimentos, uma arquitetura que recorda, os personagens em suas roupas.

DSC_0037Deira

Porem, Deira foi alem. A região modernizou-se, tem um metrô de primeiríssimo mundo, sinais de trânsito, faixa de pedestre, passarelas subterrâneas. E alem disso, mesclou-se com comerciantes chineses, indianos e assemelhados, angolanos e por ai vai, situação impensável em um Souq de um profundo mundo árabe.

IMG_4671Comércio em Deira

Não seria diferente, Dubai chegou a um ponto de encruzilhada daquele mundo, de hub para todos os cantos. Dubai na verdade parece estar no centro dos caminhos, não o mundo ocidental, mas o planeta terra. De onde, com poucas mais horas se chega em qualquer lugar do planeta.

É inevitável que este planeta reflua sua gente para sua geografia, para dentro da riqueza do Emirado.

Em Deira pode-se comprar o que o Souq ( digamos, bazar gigante árabe) vende. Temperos, perfumes, ouro, prata, pedras preciosas, roupas, incensos, alimentos, vestimentas, tudo que uma mistura de shopping Center com bazar da esquina sabe ter.

DSC_0051Deira – Comercio de Ouro

Os personagens árabes estão lá com seus costumes, com suas rezas, seus chás, suas conversas em rodas que os tornam indiferentes aos demais passantes, um descuido de limpeza das ruas, uma insistência beirando ao molestamento aos que olham procurando mais um souvenir.

Mais alguns passos, um shopping Center gigantesco e luxuoso, todas as redes de comidas ocidentais de fast food, restaurantes, e mais uma estação de metrô que pode levá-lo a qualquer canto da cidade. Assim é Dubai.

Deira propicia uma pequena aventura aquática: cruzar o canal em velhos barcos, esporte feito pela multidão de orientais que iam ou desembarcavam. Do outro lado um pouco mais de arquitetura árabe, o mesmo ambiente que Deira, o conjunto fornecendo uma foto de um passado que se moderniza, ainda belo, ainda árabe.

Preferimos fazer o cruzamento do canal pelo metrô, que num zaz nos pôs do lado de lá, sem termos de disputar lugar com os poucos ocidentais e a multidão de ruidosos e felizes chineses.

Segurança.

A primeira coisa que perguntei à atendente do Hotel quando fiz o check-in foi sobre segurança.
Dubai é seguro? Perguntei-lhe.
A resposta foi rápida e concludente:
Uma mulher pode andar sozinha as 03 da manhã que não lhe acontecerá nada.

Como somos brasileiros, e como existe uma população de imigrantes em volume exagerado em Dubai, uma postura de precaução sempre foi mantida.
Entretanto, não vimos hora nenhuma o menor transtorno da paz pública.

Que triste para nós quando lembramos que um dia teríamos que voltar à nossa pátria!

Palm Jumeirah

Tanto em Jumeirah Lakes Towers quanto em Dubai Marina, duas estações da linha vermelha do metrô, existe uma conexão com o Tram de Dubai, que vai se estendendo em uma posição mais próxima a orla.

Com o mesmo bilhete diário do metrô, você poderá utilizar o Tram, mas cuidado, marque seu cartão tanto na entrada quanto na saída porque a fiscalização é digamos, aborrecida, para os turistas deslumbrados.

Até que na estação também nomeada Palm Jumeirah deste Tram, estará a porta de entrada do Monorail que se dirige para a ilha artificial Palm Jumeirah, quase finalizada em suas construções, mas que nos desperta a sensação estranha de um impossível sendo provável, de um proibido tornando-se permissivo.

Palm Jumeirah é o que se esperaria de uma viagem a Hollywood, mas que não foi encontrado. Lembra uma invasão em um dos grandes estúdios de cinema, porém o cenário já havia sido desmanchada. Ali, a materialização deste pensamento ousado é concreto. É de alguma forma uma essência de miragem real

Sua irmã pouco mais crescida fica a sua esquerda, Palm Jebel Ali, mas não houve tempo para conhecê-la. À direita, um mundo ainda a construir se insinua como projeto inacabado, avançando mar adentro.

O Monorail vai indo em direção ao condomínio artificial, com suas ruas em forma de ramos de um tronco central, prédios sólidos, casas de felizardos, construções comerciais, logo o transporte mostrando o hotel no final da linha, lá longe, enorme, em formas árabes, que dentre jardins e avenidas de muito movimento, faz divisa com o golfo pérsico invadido.

No Monorail tem que se pagar pela viagem de dois sentidos, mas não se justifica ir a Dubai sem que se visite este ousado, mais um deles, projeto em Dubai.

Burj Al Khalifa e o Shopping Center.

Um shopping Center que tenha uma galeria Lafayette dentro de seus domínios, e pior, como mero detalhe dentre tantas outras marcas, shopping que tenha um aquário em um canto de sua área, da altura de seu pé direito, onde os turistas vagam por dentro de suas divisões (com bilhete comprado), shopping assim dispensa outros comentários.

Provável que seja mesmo o maior shopping do mundo, com o maior numero de lojas, com suas alas estilizadas, conjunto impossível de explorar em um só dia devido a imensidão de idas e vindas pelos seus corredores.

Em uma de suas portas de saída, o infalível lago com suas águas dançantes, bordeado pelo seus restaurantes e palmilhados pelos turistas maravilhados.

Shopping que em outro setor dá acesso ao edifício mais alto do mundo, em visitas pré programadas e disputadas por multidão afoita, subida de preço mais acessível que as torres Petronas de Kuala Lumpur, por exemplo, porém ainda assim de valor considerável.

E não se iluda, se Dubai tem o edifício mais alto do mundo, os outros arranha-céus que os cercam também atingem fácil seus 50, 60, 70 andares.

Com prédios altos e shoppings deste tamanho, um sistema de transporte público eficiente, uma cidade segura e se por um lado bem árabe, por outro cosmopolita e tolerante, Dubai não pode ser mera passagem, pelo contrário, carece de uma estada mais prolongada.

Cingapura, a ilha estado

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Uma obsessão em dar pontuação à tudo. Mesmo ao toilete que brilhando de cuidado e lustro, espera a quem acabou de fazer xixi, bem na saída, uma apreciação. Óbvio que não há outra nota além da total, dada ao apertar o placar que aguarda iluminado e discreto.

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E assim se repete em tudo na ilha-estado, seja avaliar o check-in da companhia aérea, ou o trabalho dos caixas da super loja de departamentos. A cada gesto de atendimento ao público, segue-se o tablet da funcionária encarregada de saber se existe a possibilidade de ir além, tudo medido pela pontuação sugerida pelo cliente.

Nunca fui tantas vezes entrevistado com o mesmo objetivo. Sentado em um ponto de alcance de um ar condicionado enquanto os outros se punham à explorar, cansado do desgaste do equador passando bem ao lado – turista sentado é turista entrevistado.

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A ilha-estado é extremosa em saber como está funcionando, como pode incrementar suas ações, em uma constante busca da perfeição.

Cingapura não deixa de ser uma prova de que um agrupamento de Homo sapiens pode ser bem sucedido.

Esta experiência se tem desde a companhia aérea, digamos, nacional, que já introduz o que estar por vir. A Singapore Airlines é praticamente perfeita no atendimento do cliente, mesmo da classe econômica. Impecável na sua frota, no serviço de bordo, no cumprimento dos horários.

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Em seguida é a chegada triunfal na ilha, com dezenas e mais dezenas de navios indo e vindo de seu porto hiper-movimentado, o avião sobrevoando baixo estas águas infestadas pelo comércio internacional, procurando por fim aterrissar em Changi, o aeroporto visitado por todas as linhas aéreas grandes do mundo.

Novo capítulo, Changi impressiona desde que se coloca o pé em um dos corredores infinitos de desembarque, pleno de esteiras rolantes infindáveis, de lojas de todas as marcas.

Um serviço de fronteira discretamente inquisidor, um hotel de destino na ponta da língua, a vacinação de febre amarela documentada, em breve você será liberado para dentro deste país que pequeno, gigante nação se tornou.

BRASILEIROS NÃO PRECISAM DE VISTO para uma permanência de turismo.

No aeroporto ainda pode-se dirigir ao guichê do metrô para adquirir o cartão de viagens ilimitadas. Fomos crendo em um valor que parcialmente seria ressarcido quando do estorno deste cartão. Depois a proposta foi de um valor menor de dólares de Cingapura para a compra do mesmo cartão, porém sem retorno.

Outro fato em Changi é que os táxis estão dentro do lado bom da força, talvez pela mão pesada da administração, sabe-se lá, mas as viagens são cobradas apropriadamente, sem sustos, sem incertezas. E a fila para alcançá-los é ordeira e bem orientada por funcionário que por certo, se houvesse tempo, pediria um score para seu serviço.

aeroporto de Changi
como ir do aeroporto ao centro

É inevitável adquirir este passe de metrô e ônibus que te dará acesso a todo canto da ilha, já que as linhas de metrô, complementadas pelos ônibus palmilham por todo lado.

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As estações do subway são amplas, arejadas, modernas, seguras. Não vimos acontecimento de desordem social nos quatro dias que estivemos em Cingapura.

metrô de Cingapura

Vimos uma moradora local se inflamar e chamar a atenção de maneira vigorosa do turista que insistia em se alimentar dentro do vagão. Em um bom inglês, a mulher de feições orientais fuzilava-o dizendo que em Cingapura não se alimenta dentro de transporte público.

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A ilha funciona e está lá longe, piscando distante, mostrando à muitas nações que existe um caminho a seguir, a nível de fazer um local digno e desenvolvido onde o cidadão pode morar e vigiar seu patrimônio de desenvolvimento.

Orchard Road.

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Perdoe-me a comparação, mas seria a Av. Paulista da cidade. Em uma sucessão de prédios comerciais, de shoppings suntuosos e de marcas mundiais que teimam em se repetir a bem dizer, a cada quarteirão, Orchard Road é mais uma região que um logradouro. Bem servida por ônibus e por estações de metrô, vale uma tarde de exploração.

No supermercado de origem japonesa, gigante, luxuoso, pleno de todos os produtos, a singeleza do chocolate levado embrulhado junto ao saquinho com gelo faz adivinhar que realmente pensaram em cada detalhe para que tudo funcione bem. Lá fora, a umidade dos 35 graus impera pelo grande boulevard.

Marina Bay

Esta região distante de Cingapura alcança-se facilmente pelo metrô. Nela, impera o hotel cartão postal da cidade, e todos os acessórios que em torno dele gravitam.

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Até mesmo a baia com seu show de luzes ao anoitecer apenas faz um complemento ao gigante futurístico das três torres, de seu shopping epíteto do requinte, e da sua piscina no teto, acessível a poucos felizardos.

Aquela região entre o hotel e a baía é um ponto gravitacional importante de toda a ilha, com seu calçadão, com suas apresentações, e do outro lado do gigante de concreto, elevados conduzem ao parque ( Gardens by the bay) onde uma mistura de natureza e de uma boa ajuda em imitar a própria natureza criam um espaço de pontes suspensas, arte imitando árvores, compondo no final um lugar de lazer.

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Little Índia, Little China, Arab Street.

Dizem que quem quer conhecer a Índia sem precisar enfrentar a realidade urbana daquele país, uma visita à Little Índia de Cingapura pode oferecer uma antevisão do que seria andar pelas ruas de uma das cidades da Índia.

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Bem, não é propriamente assim, nas ruas de Little Índia em Cingapura temos os templos em tamanhos pequenos, as lojas vendendo produtos indianos, incensos etc., e até um indiano maluco seguindo os ocidentais curiosos pelas ruas de seu bairro.

Mas que é uma introdução, isto é.

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Da mesma forma a little China de Cingapura oferece um compacto, em pouco espaço do que se consegue ver na vastidão de Beijing ou Shanghai. Parece uma China destilada e concentrada, onde a cada metro se sucede um motivo chinês.

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Templos, lojas, lanternas vermelhas, restaurantes, tudo se sucede vertiginosamente, e onde se tem acesso por uma estação do metrô que dá saída bem no meio de uma Beijing imaginária.

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A rua árabe, ou quem sabe um pequeno distrito árabe, da mesma forma nos lembra uma vizinhança de um Souq de algum bairro do oriente médio, pela fisionomia dos vendedores, pelos tapetes comercializados em vários locais, e no fim da rua, a mesquita guarnecida por coqueiros ou palmeiras.

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A principal via é bem estreita e se compõe de uma sucessão de lojas pequenas, de fachadas bem cuidadas e de comércio intenso.

Cingapura, como ponto de partida para explorar o sudeste asiático é uma excelente opção. Livre de choques culturais, pois a cidade é extremamente ocidentalizada apesar de manter uma atmosfera exótica, possuidora de uma rede de hotéis de primeira linha onde agradar o cliente e oferecer um bom serviço é uma meta constante, além do fato de possuir um aeroporto impecável com linhas aéreas de toda a região e de todo o mundo.

Cingapura está relativamente perto de todos os demais países da região, como Vietnam, Laos, Cambódia, Malásia, Indonésia etc. Além de também ser um ponto de parada para aqueles que seguem mais além, para a Oceania, para a China, Coreia e Japão.

Para aqueles que tem este ponto do planeta como destino, Cingapura é local onde todos estes caminhos se encontram, sempre com alguém te pedindo para dar uma nota ao serviço oferecido.

KUALA LUMPUR

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Daqui se pensava que era selva pura, floresta equatorial por onde, entre árvores que iam até os céus, ruas se insinuavam.

Pura plantação de borracha, com insetos infernizando quem por lá se aventurava.

Que preconceito, uma antevisão de um local apenas com as poucas informações que se consegue juntar para formar na mente uma noção do que há por vir.

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Quase sempre erradas, engano puro!

Isto é perdoado porque os de lá também fazem errônea ideia do que se tem por aqui.

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Por exemplo, Brazil? Samba! E os braços batem imitando a dança do pintinho amarelinho, engraçado ver como faziam noção de como se dança o samba, e de como o Brasil é samba o tempo todo.

Brazil? Não, não pode ser! Você não é negro! Como você pode ser brasileiro?

Kuala Lumpur, talvez seja o exemplo de engano dos preconcebimentos.

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Equatorial a cidade é, pelo calor, pelas bananeiras que vão vingando na beirada da linha do excelente metrô. Mas só. O resto tem aspecto de megacidade, de desenvolvimento, de limpeza urbana, da agitação que toda metrópole possuiu em si própria.

Kuala Lumpur é uma excelente surpresa!

A menos de uma hora de voo de Singapura, com voos baratos servidos pela Air Asia, SEM A NECESSIDADE DE VISTOS para brasileiros, Kuala Lumpur oferece excelentes hotéis a preços muito em conta.

Uma mistura de malaios, chineses, indianos e demais povos da região, Kuala Lumpur oferece também a culinárias de toda essa gente a um preço muito acessível.

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Possui as franquias das marcas ocidentais, deste o onipresente Starbucks, ou Macdonald’s, etc, até as grifes refinadas distribuídas fartamente em shoppings e mesmo nas lojas abertas diretamente na rua.

O aeroporto internacional, quando se chega pelas low costs, se faz através de um terminal da mesma forma low cost.Parece o terminal 4 de Guarulhos.

Você desce do avião e caminha um bom trecho até o local das formalidades de fronteira. Mas este aeroporto também tem sua parte vip para os voos internacionais, com companhias da Europa e as regionais chiques fazendo fila para decolar.

O problema é que o aeroporto internacional de Kuala Lumpur está a 70 km da cidade, o que demanda escolher uma boa maneira para chegar ao seu hotel.

Pela Air Asia, pode-se comprar bilhetes de ônibus desde a reserva da passagem, mas te digo que foi uma dificuldade conseguir achar o ônibus expresso no pátio de estacionamento do aeroporto.

Os taxis e vans também concorrem para amealhar seus passageiros.

Vimos notícia do trem expresso que estava para entrar em operação, o que seria uma benção, já que o trajeto é penoso pelos meios acima citados. Entretanto durante nossa visita não conseguimos alcançar este benefício.

Espero que logo seja a forma de conexão à cidade porque a viagem de ônibus foi realmente isso, uma viagem, e a volta de van foi uma roleta russa, com o motorista dirigindo como piloto de formula 1 do autódromo internacional ali por perto.

Mas passado este desconforto ( que faz parte para quem viaja independente), Kuala Lumpur vale os dias para lá destinados.

Sentimos uma atmosfera suave cidade afora, um estado de espírito que se justifica pela limpeza e beleza da cidade. Prédios gigantescos, seu ápice na torre Petronas com sua gemelidade e preço algo extorsivo para acessar o elevador que te leva ao topo.

As torres Petronas constituem construções requintadas, com estação de metrô, shopping, e ostentação por todos os lados.

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Mas a KL Sentral é que constitui o ponto cerne de onde partem todos os caminhos.

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Um guichê providencial vende corridas de táxi pré pagas, sem o drama de negociar diretamente com os taxistas e seus pequenos delitos. Estes taxis esperam do outro lado da parede e a um preço muito em conta.

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A duplicidade de empresas que disputam o transporte público faz com que você tenha que comprar cartões diferentes para algumas linhas, ou seja, elas não são integradas. Contudo, o preço é muito acessível e quem viajou até o outro lado do mundo não vai ligar em pagar dois dólares à mais para conhecer a cidade.

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Você vai usando o transporte público, metrôs e monotrilhos, e vai recarregando seu cartão, no nosso caso, no guichê, pois não deu tempo de aprender a mexer com as máquinas.

Essas viagens curtas têm vantagens e desvantagens. Se por um lado você conhece lugares que dificilmente te faria virar a terra para ir lá exclusivamente, por outro te impedem de um domínio profundo a ponto de esgotar o que o lugar tem a oferecer.

No entanto, acho que assim que você por lá passou, certamente, se a cidade bater com seu santo, vai querer voltar e o fará em um nível de maior expertise.

KL é segura, você pode sacar dinheiro direto da máquina em plena rua, as lojas de câmbio são separadas da calçada por uma porta de vidro, e durante o tempo que estivemos na cidade, 04 dias, não vimos nenhum episódio de distúrbio da paz social.

Battu Caves

Um ponto obrigatório nesta viagem, uma iniciação ao mundo Hindu, como também um pouco de aventura.

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Localizada na periferia da cidade, você chega lá de metrô, ou seja, nada de taxi. Na linha de metrô que você acessa em KL Sentral, paga seu bilhete um pouquinho só mais caro comprado nos guichês desta estação, e vai vendo a cidade ir passando pelo vagão novíssimo, ouvindo o alerta da voz que a cada parada, se repete em uma entonação de inglês inesquecível – Please mind your steps. Que saudades!

Battu Caves está ali, pertinho da última parada.

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Os edifícios religiosos com suas representações gigantescas de divindades enchem a praça e tem seu ponto alto com Lord Murugan, imagem dourada enorme que predomina junto ao acesso à imensa escadaria de 272 degraus

Nessa subida, provavelmente você já passou pela adesão aos símbolos religiosos indus, como pulseiras e a marca colorida (Tilak) na fronte.

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Infelizmente tudo isso não será certamente suficiente para blindá-lo contra o bando de macacos que espreitam ao longo de toda a íngreme subida, em degraus estreitos, e estes pequenos delinquentes te roubarão tudo que destacar de seu corpo como alimentos, flores do cabelo ( como eu vi em uma devota hindu), maquinas fotográficas ou óculos se eles cismarem que podem transformar em algo comestível.

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Uma parada em frente ao pequeno marginal postado no corrimão vai resultar em uma ostensiva mostra dos dentes belicosos destes macaquinhos que desafiam quem ousa questionar seus hábitos de fora da lei.

Os hindus sobem a escadaria distante dos pequenos delitos à sua volta, enquanto pirulitos de crianças, garrafas de água e bolachas de adultos são subtraídos em esperteza e maestria pelo ataque coordenado de 03 ou 04 meliantes.

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No topo da escadaria, abre-se uma gruta com vastíssimo salão, onde artigos religiosos são vendidos, e novos templos com devotos em oração se sucedem.

É hora da volta escada abaixo e à novo ciclo de achaques feitos pelos pequenos primatas.

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A despeito de tudo, vale a pena ir a Battu Caves, um lugar realmente incrível, um portal para um mundo distante de nossa realidade de ocidentais.

Templo Thean Hou

Agora é vez do Budismo, neste belo templo construído no topo de um morro, em área residencial.

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A melhor maneira de lá chegar também é via KL Sentral, com um táxi pré pago que te deixará na praça bem em frente ao prédio.

Este se destaca por suas cores exuberantes com predomínio do vermelho, as lanternas característica do mundo oriental, pela música que se repete em suavidade e infindavelmente, pelo odor de incenso e pela placidez dos rostos orientais de semblante mais etéreo e menos invasivos que os de Battu Caves.

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Uma visão de KL pode ser obtida ainda mais se você sobe as pequenas escadas e usa o posto de observação do teto do templo. Também encontrará no andar inferior lojas de souvenirs e locais de alimentação.

O complicado na volta do templo é conseguir o transporte para o centro de KL, quando você cairá inevitavelmente nas propostas dos taxistas indianos, 4, 5 vezes mais caras do que pagou em KL Sentral para vir até o templo. Taxímetro, nem pensar!

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Preferimos descer o morro à pé e caminhar pela avenida cerca de 01 km até a estação do monotrilho do que nos sujeitarmos a esta extorsão. O calor avenida à fora incomodou menos do que sermos tratados como mina de ouro para estes motoristas inescrupulosos.

Considerações Gerais.

Apesar de que KL tem um custo barato para o turista, as lojas de marcas famosas imitam o preço do mundo afora, e somente algumas lembranças justificam um gasto para o viajante.

O trânsito não tem o furor insano dos demais países asiáticos, os faróis ( sinais ) para pedestres são respeitados e apenas algumas motos na contramão ou em cima da calçada lembram o de praxe dos perigos urbanos daquela parte do mundo.

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A mão de trânsito é a inglesa.

O fuso horário é de 11 horas a mais em relação ao horário de Brasília.

O calor é intenso porém não sufocante e o ar condicionado está por todos os lados.

Bairros como Little India e Little China, todos acessados pelo metrô, são destinos valorosos de compras e de alimentação típica e o mercado central na beirada do bairro chinês merece uma visita pela variedade de produtos e restaurantes de comida rápida.

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A presença mulçumana, hindu, budistas, cristã etc. transforma KL em uma cidade de grande tolerância religiosa e a pergunta a um taxista malaio sobre se haveria problemas com tantas religiões juntas, mereceu a resposta de que não há problema algum – porque deveria ter problema? Não está certo problemas, enfatizou.

Faltou o resto do país, suas praias, seus resorts, mas como dito antes, uma passagem de apenas reconhecimento de KL pode implicar em um retorno demorado e estendido ao país, porque se o negócio for empatia, saiba que com KL, o “santo” combinou direitinho.

Próximo da Perfeição – Seoul

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Coréia!?

O Japão, a China, até os países do sudeste asiático, mas Coréia? Aquela pequena península cercada de perigos por todos os lados? Sim, a Coréia é maior que tudo isso!

Em palavras mais atuais, A Coréia do Sul é o bicho, é top mesmo!

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Para começar, NÃO PRECISA DE VISTO para brasileiro.
Isso já é meia viagem arrumada, uma surpresa que possamos entrar em um país do extremo oriente sem as dificuldades de obter um visto.

Como fim de viagem, aqueles últimos cinco dias, uma passada na Coréia é um fecho de ouro de uma jornada de reconhecimento ao outro lado do planeta.

Chega dos chavões da Europa! Está na hora de se ir mais longe! Para exatas doze horas de fuso horário do Brasil

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Sete horas de avião de Singapura, cercada em ambos os lado pelo mar, o da China ou o do Japão. A península está bem ali escondendo seus tesouros de cultura, de população, de muitos séculos!

E basta chegar em Incheon, o aeroporto principal de Seul e de toda a Coréia, que qualquer dúvida rui por terra. Incheon é imbatível. E tem o outro de Gimpo, a meio caminho entre a cidade e este gigante. Mas ele, deixa prá lá por enquanto.

As formalidades de fronteira são cumpridas de forma impecável, aonde se chega depois de escadas rolantes altíssimas e desertas, de salas amplas e assépticas.

Portal Aeroporto Incheon
Como ir de  Incheon até o Centro de Seul

Havíamos lido bastante sobre  as opções de como chegar até Seul, vindo de Incheon. Mas assim que se sai para o saguão de desembarque, você é realmente acolhido por funcionários que te orientam e te indicam o local onde se compra os bilhetes do trem expresso.

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Não se tratam de agenciadores, mas de reais ajudas, com toda a incomparável postura da cultura daquele povo.

Por mais que se tenha presenciado, a ficha não caiu, já que os mitos ainda predominam nos pré-concebimentos.

O aeroporto, os agentes de imigração, os funcionários de acolhimento, todos são vistos como mais um aeroporto de primeira classe, não como o que realmente significa tudo aquilo.

Mas basta a porta do vagão do trem que vai rápido em direção a Seul se abrir, e a funcionária se curvar em um respeitoso cumprimento oriental aos passageiros que assistem sua entrada, é neste momento que as escamas dos olhos caem. Aquilo é a mais fina educação, a mais preciosa cultura.

Desde o momento que o avião tocou o solo da Coréia que estamos sendo tratados com a finura do portar que nos fez sentir como meros selvagens. Foi neste momento que percebemos que o oeste ficou para trás ou que jamais atingiu este nível de civilidade.

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A funcionária fazia de tudo para não invadir a privacidade daqueles que tinham por obrigação mostrar-lhe os bilhetes, e da forma irrepreensível que chegou, lá se foi ela, como que levitando trem afora, se envolvendo por força de profissão com aqueles bárbaros.

O trem aeroporto-Seul vai direto para a estação bem no que poderia ser chamado de centro da cidade. Ali você pode se conectar com o metrô, ou na posse de muitas malas, conseguir um taxi que ordeiramente esperam em fila na parada em frente.

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Táxi em Seul destoa dos demais táxis do mundo. É relativamente barato, e o que é melhor, não haverá os costumeiros golpes de seus confrades planeta afora. O que está no taxímetro é o que você vai pagar, e o nosso, apesar das malas, nos cobrou muito em conta, merecendo ficar com o troco.

Hotéis em Seul são caros. Você terá que pagar como em Hong Kong, em Londres etc. Assim que você se conforma que terá que desembolsar um bom valor para se acomodar, é hora de ver a região da cidade que mais te serve. Porém Seul tem aquele detalhe: UM SUPER METRÔ, e talvez ficar um pouco mais longe, contudo perto de uma estação de metrô, pode te fazer economizar um bom dinheiro.

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O metrô realmente é eficiente, e nele você também, eu disse também, irá ver o quanto a Coréia se desapegou do mundo e está á frente de seu tempo.

Em um vagão de metrô você encontrará a maioria dos idosos sonambulando nas viagens que as vezes demoram mais de uma hora. Os passageiros de média idade estarão apegados à seus jornais, seus livros, porém a TOTALIDADE dos jovens permanecerão plugados na internet, como se um metrô fosse um laboratório de informática onde todos, mas todos mesmos, não se desgrudam de seu canal com o mundo.

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A adesão à internet está além das outras metrópoles onde uma boa parte apenas está plugada. Em Seul a coisa torna-se TOTAL.

Mapa do metrô de Seul
Página do metrô de Seul

Comprado um cartão em uma das máquinas que abundam em cada estação, você o irá recarregar em Wons, assim que seus créditos se esvaírem, o que depende do quanto você anda pelo metro.  Sua viagem deve ser anotada quando entra e sai da estação pela passagem do cartão nas roletas de acessos.

Por exemplo, a linha verde circular, leva um pouco mais de uma hora para completar uma jornada e neste período, quando você verá muito de Seul, o valor de sua viagem dependerá desta distância percorrida.

Não achamos o metrô tão caro assim, cidades como Londres, NYC, oneram mais o turista com transporte do que Seul.

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Ficamos em Gangnam, o distrito do vídeo que fez sucesso mundo afora, mais porque estávamos próximo do metrô e do Coex, que é um centro de convenção gigantesco. Na verdade, em Seul a palavra gigantesco pode ser usado em quase tudo.

Quando entramos pelo pequeno hall do hotel onde nos hospedamos, os funcionários da portaria interromperam suas atividades e fizeram profunda reverência em nossa direção. Quase que alguns de nós foram ás lágrimas com tamanha civilização deste povo e me senti algo selvagem frente à eles.

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Este Coex, costumávamos dizer que dava para pousar pequenos aviões pelos seus corredores de mármore, o pessoal da limpeza trabalhava de carrinhos elétricos, e a noção de grande que tínhamos trazido dos EUA, ficou pequeno quando passamos a comparar com os prédios públicos de Seul.

Comparo o bairro de Gangnam como se hospedar perto da Av. Paulista em São Paulo, pois trata-se de um centro comercial, financeiro, bancário, além do fato que existem inúmeras ruas onde a animação rola até a noite, e os restaurantes abundam para todos os gostos.

Falando em restaurantes, a impressão que tivemos em Seul foi de que as refeições são relativamente baratas quando comparadas aos cafés da manhã nas redes como Starbucks e similares que estão por todo e cada lugar da cidade. Em Gangnam ( como em toda a cidade) você poderá comer um pizza deliciosa, um Din Tai Fung, restaurantes coreanos e chineses (cuidado com a pimenta), todos a preços razoáveis.

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Todo o conjunto de Pizza Hut, KFC, Macdonald´s e tudo que se refira aos fastfoods estão por toda parte. No entanto achamos que a comida coreana é para iniciados, e foi quando ficamos sabendo que eles cortam os alimentos com tesouras, sendo as facas um utensílio mais da culinária ocidental. O pedido por um garfo sempre foi atendido com simpatia apesar que as vezes com alguma pequena brincadeira do garçom.

De novo o clichê da comida de carne de cachorro nos soou mais como quem tomou uma exceção pelo universo. Quem se atém a clichês não costuma chegar muito longe. Belo ditado!!!

Nem pensamos em alugar carro em Seul, pelo pouco tempo que tínhamos, pela eficiência do transporte público. Completamente inútil para nós que teríamos uma experiência apenas urbana.

A mão de direção é a mesma do Brasil e a Hyundai impera junto com sua outra marca, a Kia.

A torre de Televisão

Na região geográfica central de Seul, no ponto mais alto da cidade – monte Namsan, fica a torre de TV que permite uma visão de 360 graus da cidade.

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Uma subida alucinante pelo elevador que simula uma viagem pelo espaço sideral, após validar o bilhete com preço razoável para a atração, logo você se encontra na torre juntamente com uma pequena multidão, e se encanta com a visão de uma cidade muito bela.

Com as distâncias para as cidades do mundo escritas nos vidros, justamente na direção onde elas se localizam, percebe-se que estamos a 18 mil km do Rio e de SP, e menos de 300 km de Pyong Yang, a capital irmã, tão perto, tão longe e impossível, até sabe-se quando.

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A chegada até a torre se dá pela estação de metrô Chungmuro, linha 3 ou 4. Lá, peça informação onde pára o ônibus que sobe lentamente o morro até a torre, onde você terá uma pequena distância à pé até a bilheteria.

Pessoas sobem e descem a estrada, pegando atalhos e aproveitando a bela caminhada, em uma região onde é seguro ser pedestre ( e cidadão).

Outra opção é o teleférico que você acessa pela estação Myeongdong, onde te informarão o local de onde é a partida dos cablecars.

Portal da torre de Seoul

Gyeongbokgung

O palácio imperial de 700 turbulentos anos se localiza bem na área central de Seul, acessivel após rápida caminhada desde a estação de mesmo nome do metrô, com uma vasta praça antes de sua entrada, onde uma feira de artesanato e apresentações de artistas de rua se sucedem.

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Vale a pena visitá-lo. O bilhete de entrada é em conta, e dentro da sucessão de pátios e construções você vai tendo uma boa amostra da arquitetura oriental e se você ainda não conhece a cidade proibida de Pequim, muito da surpresa será atenuada já que a cidade imperial de Seul tem de sobra o estilo desta última.

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Fotos incríveis e eternas podem ser conseguidas frente a pagodas e lagos. Ao fundo, as montanhas brancas que tanto lembram Seul pelo mundo afora.

Portal da cidade imperial de Seul.

Bukchon – a vila antiga

Pela linha 3, estação Anguk do metrô, você tem acesso a este distrito de casas e ruas que nos dão uma noção de uma Seul antiga, envolta pela gigante progressista da Seul atual.

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Patrimônio histórico, ainda abriga residentes cuja intimidade e sossego são por pouco ou quem sabe sempre, invadidos pela multidão que vaga pelas vielas, entre casas de chá, lojas de autentico artesanatos e outras atividades artísticas, e à medida que vai se subindo a colina, mais da velha e da nova Seul é contabilizada na memória que nunca se vai apagar.

Itaewon – o bairro dos estrangeiros.

Com um pouco de tempo sobrando, visite este bairro que é onde os americanos fizeram seu posto avançado dentro de Seul.

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Na estação de metrô do mesmo nome você terá acesso a uma região onde de imediato perceberá que a população coreana perde lugar aos americanos, e demais gentes do mundo inteiro, com construções arremedando uma cidade de médio porte dos EUA.

Existe um aumento do número de casas de cambio, de soldados americanos de folga procurando o que fazer longe de suas ocupações em uma região onde o passado bélico ainda deixou suas cicatrizes.

Enquanto isso, a grandeza e altivez do jeito de ser coreano segue intocável.

Portal para Itaewon

Rio Cheonggyecheon 

Exemplo de recuperação urbana de um rio fadado à sina dos pequenos córregos que cortam as grandes metrópoles, este rio hoje permite a visão através de suas águas transparentes de peixes que vivem tranquilamente ao longo de seu curso pelo centro de Seul.

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Lugar onde os cidadãos desta afortunada cidade sentam às suas margens, assistem shows de luzes à noite, passeiam e conversam, o rio que se inicia perto do palácio imperial, vai descendo bordeado por prédios arrojados de grandes companhias.

Vale a pena alguns momentos caminhando por suas margens e cruzando seu caudal pelas pequenas passarelas de pedra e algumas pequenas pontes.

Cosméticos.

Segundo a informação que me passaram e do qual fui testemunha, Seul é um paraíso para compra de cosméticos, adquiridos por baixos preços, com produtos de excelentíssima qualidade que em outros lugares do mundo seriam pagos a preço de ouro.

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As lojas se sucedem rua abaixo e acima, as mulheres vão aumentando geometricamente o volume de compras, e não seria exagero afirmar que um stop em Seul, apenas para a compra de produtos cosméticos se justifica, quando em visita pela região.

Esta mina de ouro para as mulheres se encontra no distrito de Myeongdong, cujo acesso pode ser feito pela estação de metrô do mesmo nome, e não apenas cosméticos ,mas todo tipo de compra(roupas,acessórios, eletrônicos) para quem gosta do “esporte”, tudo isso nesta região de extrema movimentação comercial.

Zona Desmilitarizada

Mesmo durante uma rápida viagem à Coreia, como não visitar este símbolo do passado e de um presente ainda pungente, de um período sombrio da história da moderna civilização mundial?

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Optamos por irmos direto ao escritório de uma companhia que expunha seus folders no hall de nosso hotel. Acho que eles próprios se surpreenderam mas nos receberam na maneira incomparável de educação coreana, desde o porteiro do prédio que virou nosso cicerone temporário, até a funcionária que nos tratou muito bem.

Combinamos a visita para o dia seguinte, em um microônibus que nos buscaria em nosso hotel.

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Pode-se escolher por variedades tipos de excursão na DMZ. Optamos pela que dura cerca de 06 horas além do translado de ida e volta, com um guia falando inglês. Inclui uma descida a um túnel de invasão escavado pelos norte-coreanos (Terceiro Túnel de invasão), visita ao posto de observação de Paju, de onde se avista a Coréia do Norte através de binóculos, parada na estação ferroviária de Dorasan, novinha em folha, esperando o dia da reunificação quando os trens dela partirão rumo ao território bloqueado do norte, visita ao local da velha locomotiva danificada por projéteis norte-coreanos e local da chamada Ponte da Liberdade.IMG_2733

Vê-se então que o assunto reunificação jamais deixou de existir nas mentes e corações dos Sul-Coreanos.

A visita tem um certo grau de tensão, as pessoas se entreolham preocupadas e isto claramente se acentua quando as explosões vindas do norte são ouvidas, somadas às histórias de incidentes bélicos recentes onde postos de observação foram atingidos causando a morte dos jovens que servem obrigatoriamente o exército Sul Coreano.

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Obviamente que o visto em abundância e os assuntos levantados durante estes momentos tão intensos de visita, levam a reflexões profundas sobre ideologias, e mesmo sobre a raça humana da qual fazemos parte.

Considerações

Os habitantes de Seul falam um pouco de inglês, mas a língua também não é um problema para o viajante, já que predomina a boa vontade.

Obviamente que as atrações em Seul não terminam com estas citadas acima. Diria mesmo que o que foi dito é apenas uma pequena amostra das dezenas outras atrações que existem na cidade.

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Seul parece não se esgotar, imagina então se a visita pudesse se estender ao resto do país, e mesmo à ilha de Jeju?

Com um povo educado e prestativo, exemplo de civilidade e distinção, qualidades a todo momento voltadas em direção ao visitante a ponto de nos fazer sentirmos seres brutos frente à tamanha fidalguia, aí é que não se entende mesmo este estado de beligerância na península.

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Potência econômica, modelo do desenvolvimento tecnológico, primor de urbanismo em sua capital, logo se percebe, se não a mais importante razão para tudo isso, pelo menos uma delas: apenas uma vez vimos uma criança no metrô durante o horário diurno, em todo o tempo que estivemos atentos a isso. Certamente a totalidade das crianças cumpriam a carga horária de tempo integral escolar a que os meninos e meninas coreanas são submetidas.

Quem não gostar de uma viagem à Seul, não é viajante. Isso afirmo com certeza.

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Trata-se de uma cidade onde uma estadia de 07 dias poderia ser posta no roteiro de quem por este canto do planeta viaja, e mesmo assim correndo o risco de não ver tudo, ou ver novamente, que é o que se sente quando se conhece seus encantos.

A última demonstração de fineza veio do motorista da Van que nos levou de volta à Incheon.

Nas suas luvas brancas parecia não entender porque aquele bando de pessoas insistia em fazer coisas que, pelo que parece, apenas lhe cabia, como pegar todas e cada uma das malas, pô-las no carrinho do aeroporto que ele deveria buscar, e não nós. Por último se deu por vencido, e desolado, fez respeitosa vênia com o corpo em nossa direção.

Indo embora de Zong Guô

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A viagem para a China começou como todas as outras: no dia do primeiro ato para que se concretizasse, na primeira olhada no preço da passagem, ou quem sabe no primeiro pensamento de como seria visitar um país tão misterioso e antigo.

Talvez, ela tenha começado quando a viagem anterior estava acabando. Naquele sentimento de poderio, de conquista do mundo que uma viagem fornece à quem teve a coragem de fazê-la. E na tentativa de fazê-la perdurar, nasce um novo roteiro, um sonho,  melhor falando.

A China ficou acessível desde então, e começou a ser real.

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Acho que um visto desencoraja muito a vontade de viajar para um país. Ir ao Rio de Janeiro, ou à São Paulo, ou Brasília, deixar seu passaporte lá e confiar na eficiência dos Correios, do carteiro em devolver um documento importante em sua casa, faz pensar duas vezes antes, se é para lá mesmo que se quer ir.

Pior é o emaranhado de requisitos bizarros, de documentos esdrúxulos, fotos de tamanhos pouco usuais, uploads e dowloads, de taxas incompreensíveis.
Penso que isto chega a ser tão complicado, ou até mais, do que a própria viagem.

A outra opção são os despachantes que por um lado, se te poupam do que foi falado acima, do outro levam um bom naco de sua economia, dinheiro que poderia ser empregado para seu conforto na viagem. Imagina se são três, quatro vistos!

A não ser que dinheiro não seja um problema. Alguém faria tudo para você e você não necessitaria de dicas e ajudas de outros viajantes.

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Primeiro passo seria pesquisar as passagens aéreas nos sites de busca, como o Kayak.com. Algumas companhias aéreas não fazem parte do pool destes sites e é bom olhar em dois ou três deles.

Tem que saber procurar e dominar os vieses que a situação pode oferecer. Por exemplo, se você mora em Belo Horizonte, que tal fazer o planejamento a partir de Guarulhos ou Galeão e o primeiro trecho você vai por conta própria. Assim uma enorme gama de preços e conexões se abre para você.

A não ser que esteja indo para os Estados Unidos, (e você precisa ter direito a bagagens de muitos quilos) acho que os outros destinos não são tão bons de compra para que tem um orçamento de trabalhador. Imagina você fazendo compras (estilo Estados Unidos) na Inglaterra, na Suiça? Que chique! Podendo! Na minha opinião Europa é para lembranças, não para compras. Se você pode diferente, parabéns!

Ás vezes algumas companhias, em determinadas ocasiões e destinos nem consideram o trecho para os aeroportos principais ( Guarulhos e Galeão) e a passagem fica na mesma.

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Foi assim com minha passagem para a China, o trecho até Guarulhos saiu praticamente de graça. Imagina, por exemplo, a United concorrer com a Air China, com a Singapore, com as companhias do Golfo ( Emirates, Etihad, Qatar) e com algumas europeias tentando respirar no mercado. Claro que a United faz uma gracinha e para nós fez, vendeu passagem super em conta, com conexão dentro do Brasil sem onerar o preço final e com a profissionalidade habitual de uma companhia americana.

Tenho conhecidos que não viajam porque “é muito longe”. Acho estranho o argumento, mas respeito. Porem penso, longe como? Se vamos sentados em uma poltrona, com algumas diversões fornecidas por cada companhia, livros que até então não tínhamos tempo de ler no corre-corre do dia a dia, e mais, se estamos indo adquirir um conhecimento tão precioso, que diferencia tanto a quem o tem?

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Longe como, se vamos voando e não à pé? O avião faz a diferença. Não existe mais lugar longe no mundo. Acho que o enfoque é saber se temos tempo disponível para lá chegar.

A passagem por certo vai ser um dos itens mais caros de sua viagem. Após comprá-la, vem a pergunta de como utilizar o tempo dentro do trecho interno, desde a chegada até a de saída do pais, no dia de volta para casa.

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As cidades entre os dois pontos principais, (chegada e saída), são então escolhidas, o tempo em cada uma, os hotéis nestas cidades, as atrações delas, como ir de uma cidade à outra.

Nesta altura você já está viajando há muito tempo. Seu espirito, sua parte mais desenvolvida já saiu do cotidiano, de sua rotina de trabalho. Apenas no plano material você ainda continua na sua cidade.

Sempre preferi viajar pagando tudo antes, nos meses de preparo. As facilidades são maiores, os preços melhores, pode-se parcelar no Brasil. Gosto de ir com o cartão de crédito limpo, não que eu vá gastar, mas para alguma eventualidade.

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Faço um seguro de viagens, apesar de que nunca usei, graças a Deus (como nunca usei meu seguro de carro). Não confio em seguros de cartão de crédito e as histórias que escutei sobre isso me fazem ter certeza nesta minha escolha. Não economizo em segurança para minha família.

Não escolho hotéis que me prendem neles próprios com suas atrações ou facilidades, afinal, viajei foi para a cidade, não para o hotel. Um hotel decente para mim está bom apesar que no sudeste asiático você pagando pouco fica em um 4, 5 estrelas.

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Não me sujeito mais, infelizmente, a situações de mochileiros, como banheiros comunitários, quartos lotados de estranhos etc, apesar que faço viagem para destinos de mochileiros. Conhecer os arrozais foi um exemplo de viagem de mochileiro mas nossa infraestrutura não era.

Verdade é que a juventude dá um poder que situações decorrentes de um baixo orçamento nada significam. Pena que o tempo passa e vamos ficando um pouco mais exigentes! Não viajo para fazer amigos, meu tempo de adolescente já se foi há muito. Meus verdadeiros heróis estão ali comigo, o tempo todo.

Muitas vezes comprei souvenirs mais para ajudar os vendedores, como foi o caso de livros e pequenas lembranças na vila dos arrozais, do que realmente por apego a estas compras, que na maioria das vezes tem tempo de glória escasso dentro de nossos lares. São logo esquecidos em um canto de prateleira. Cada economia que faço em uma viagem sei que será usada para a próxima.

Compro roupas em algumas cidades que visito, acho de maior utilidade. Assim, por exemplo, meus sapatos são de Seul, meu cinto de Kuala Lumpur, minha blusa de Teheran e assim por diante. Sinto-me feliz neste mosaico de vestuário, e me é realmente útil.

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Como o tempo na China era precioso, resolvi fazer os trajetos todos de avião apesar de que os trens são meios de transporte confiáveis segundo os guias me falaram. Não sei o quanto eles são realmente confiáveis porque hora nenhuma fiz uso deles. De avião existe sempre aquele horário antes do vôo que aumenta seu tempo destinado ao transporte, mas todos os vôos nos foram úteis e extremamente eficientes.

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Mesmo o vôo Guilin-Shanghai que mudou para mais tarde, acabou nos possibilitando mais uma manhã em Guilin e com isso, conheci mais lugares.

Comprar vôos internos na China é difícil quando se tenta fazê-lo desde o Brasil. Apenas na Air China que tem escritório no Brasil pode-se comprar os vôos em seu site brasileiro e pagar em reais. Comprar na China Southern só via Estados Unidos e pagando uma intermediação considerável, quando na China basta a ir em qualquer balcão da companhia.

A China ainda está isolada do Brasil, ou quem sabe, vice versa. Mesmo em agências de viagem me disseram que não vendiam vôos internos naquele país.

Na verdade, fiz toda a viagem pela internet. Como fiz todas as outras.

A China tem excelentes aeroportos, mas com exceção de Shanghai e Pequim, é difícil chegar por transporte público até eles, a não ser que você seja um iniciado.

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Lutar com os taxistas que em uma corrida de 20 Yuans, dizem que só te levam por 30, na verdade, mais do que um pequeno golpe, soava engraçado. Em vez de um valor de oito reais pediam doze. Tudo bem. No final eu dava 15 reais, e eles ficavam sem compreender. Mas que cansa saber que você está sendo ludibriado, isto cansa.

Nos sentimos seguros na China. Nada deste sentimento de presa dentro da savana, que é o que somos no Brasil.

Os chineses nos lembraram os árabes: barulhentos, alegres, agitados, inquietos. Porém isto entre eles, nada de invadir nossa privacidade, eram tímidos conosco mas extremamente gentis. Não houve uma resposta mal educada às nossas necessidades. Zero. Foi um dos povos melhores com quem tratamos até hoje pelo mundo afora.

O drama do filho único é extremamente real quanto ao fato da bajulação ao menino, a ponto de estragá-lo. Os adultos fazem de tudo pela criança que só se apresenta cada vez mais birrenta, teimosa, mas para nós, extremamente belos e encantadores. Por fim os chamávamos de os pequenos imperadores, tão poderosos eram frente aos crescidos.

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Conforme Sonia Bridi citou em seu livro e os guias nos completaram, por volta de 1980 Deng Xiaoping abriu o pais às empresas estrangeiras com imposto zero. E com isto e outras atitudes na politica econômica, 400 milhões de pessoas saíram da pobreza em 30 anos, um crescimento que a Europa levou dois séculos para alcançar.

O trânsito realmente é um problema mas existem países onde é ainda pior. O guia se entendia com o trânsito enquanto estávamos em posição confortável. Quando pedestres, é só ficar atento. Afinal, o trânsito não é competitivo como o do Brasil, e situações que vimos lá, resultaria certamente em brigas, tiros, mortes no nosso país.

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Não pensamos de início em nos valer de guias, devido ao nosso jeito de ser. Mas hoje vemos que seria impossível nossa viagem se assim não fosse. Teríamos tido um proveito muito menor. E não é caro.

Mesmo porque, com exceção do Jerry em Guilin, todos os guias estavam envoltos naquela concentração Zen do estilo de vida chinês. Educadíssimos, pontuais, reservados. Jerry era hiperativo e conversador, porem com a mesma eficiência e confiabilidade dos demais.

E um guia nos levou ao outro. Jamais teríamos conseguido sem eles.

Vale a pena ir à China. Pena que o país é estereotipado no Brasil. Quem se prende a clichés não costuma chegar muito longe, não é isso mesmo? Assim é o caso dos escorpiões, como foi dos cachorros quando na Coréia.

Uma potência mundial construída por aquele povo de pequeno porte, magrinhos, nos parecendo sim extremamente saudáveis, mulheres e homens, fato que realçava quando algum ocidental passava por nossa frente, estes corpulentos, obesos, passando a impressão de doentes, próximos à um desastre.

Com tudo isso, no próximo mês de férias a que os trabalhadores do Brasil tem direito, considere seriamente dar uma passada no Império do Meio. Vai ser um grande feito, para o resto de sua vida.

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PS. Fiz este blog apenas para uma leitora: minha mulher. Ela que não me deixa ficar com a mente presa até somente onde meus olhos conseguem enxergar, me fazendo sempre pensar no além do oceano, nos lugares muito além da Toprabana.

Ela que me aconselhou à fazer por escrito alguns relatos da viagem para ajudar a algum outro viajante, já que nós mesmos nos valemos das experiências de terceiros para nossa própria viagem.

Se alguém mais leu, agradeço.

Além da Taprobana – Macau

“As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.”
 Os Lusíadas, Canto I ….
Porém todo este arroubo lusófono que nos invadiu, arrefeceu assim que nos certificamos que pouquíssimos se lembravam do bravo povo lusitano.

Ao menos com os residentes com quem conversamos, o máximo que conseguimos foram esparsas palavras, e quando ensaiavam uma frase, pior ainda.

Quem falava português era o dono do restaurante que ficava quase em frente à igreja da Sé, um jovem português atarefado e assustado em ouvir alguém lhe perguntando na língua mãe.

Igreja da Sé  DSC_0731

Puxa, pensava que em Macau eu me sentiria um pouco nas cidades de Portugal. Mas este é mais um exemplo de preconceito, ou seja, imaginar uma situação que corresponde apenas a minha realidade, não àquela que vou encontrar quando lá chegar.

Mas se não falam português da maneira que pensávamos, Macau não decepciona nos outros ítens. Mesmo porque os pasteis portugueses são vendidos em toda parte  por quem nada sabe da língua de Camões.

Turbojet, aqui.

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Em Hong Kong, as barcas saem a todo momento do terminal em Sheung Wan, onde você tem acesso pela estação do metro do mesmo nome, na chamada Island Line.

As barcas que tem duas classes, a mais cara no andar superior, e a econômica que também fornece uma boa qualidade de viagem que dura cerca de uma hora, no andar inferior.

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No edifício cheio de passageiros e de movimento frenético, você compra em um dos guichês seu bilhete com horário definido, mas para nossa surpresa, se você chega mais cedo, tem grande chance de embarcar antes do horário até completar o número de passageiros do barco.

As formalidades de fronteira serão cumpridas antes de embarcar, e da mesma forma, em Macau as mesmas formalidades serão repetidas. Brasileiros não necessitam de visto para entrar em Macau, bastando o passaporte.

Pois já que a escolha foram as barcas (e não o helicóptero,que também é usado pelos que podem gastar sem preocupações) é só esperar o tempo de balanço do turbojet para o momento de desembarcar em Macau.

Centro Histórico DSC_0697

Para quem vai passar um dia em Macau e voltará à noite para Hong Kong, provavelmente seu destino será o que pode se chamar de centro histórico.

Táxis podem te levar até lá mas o ônibus poderá ser uma alternativa mais em conta. As paradas dos ônibus estão bem próximas da saída do píer, por onde é a chegada de HK.

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Basta se informar no suporte ao turista, ainda dentro do edifício, qual ônibus passa onde em Macau. Como de costume, a gentileza é uma das características em toda a região.

A passagem é depositada em um cofre ao lado do motorista quando você inicia seu trajeto. O motorista vigia com distância se a tarifa está sendo honrada.

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Mas nem tudo da herança portuguesa se perdeu. Como conforta ver ruas e avenidas com seus nomes também em português, e dessa forma, praças, travessas, ruas se sucedem com seus chamamentos na língua em que foram escritos os versos na introdução deste post. Eles não foram escritos em vão.

Ruínas de São Paulo DSC_0718

Se você quer apenas colocar Macau em seu currículo de viajante, dê um giro pelas ruas centrais, visite o paço da Igreja da Sé, rume às ruínas da Igreja de São Paulo, inquira as lojas e restaurantes da cercania, mas você pode optar pelo restaurante português logo abaixo da Praça da Sé.

Dependendo do dia da semana, as ruas estarão entulhadas de turistas, a ponto de ser impossível a caminhada. Quem não liga, tem diversão garantida.

E quem opta pelos jogos em casinos, Macau não irá decepcionar, mas isto não estava nos nossos planos.

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A mão de trânsito é a mesma de HK, ou seja, a mão inglesa. E o dólar de HK é ligeiramente superior à Pataca, moeda de Macau.

Na mesma avenida onde você desceu do ônibus no centro histórico, você poderá pegá-lo de volta até o píer onde os turbojets te levarão, após o mesmo processo de fronteira e de compra de bilhetes, de volta a Sheung Wan em HK

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Posto Avançado do Ocidente – Hong Kong

A distância entre Shanghai e Hong Kong é de 1223 km. Fomos voando com a Hong Kong Airlines, e pelas aeromoças, pelos passageiros no voo, tivemos a certeza que nossa viagem à China estava ficando para trás.

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A primeira percepção é de que os dialetos se sucedem na China e de que o Cantonês soa bizarro quando os ouvidos se aquietaram ao mandarim.

A ida em direção ao equador, a miscelânea intensa de raças formando pares, o inglês bem mais difundido e com forte sotaque britânico, a mão de direção invertida oposta da chinesa, são sintomas que estamos agora bordeando o Império do Centro.

Não há duvida que a organização se faz evidenciar, isto desde a hora que se compra o bilhete de transporte rumo ao destino na cidade, no momento em que se é recebido por funcionários do aeroporto e da conexão férrea entre o aeroporto e, digamos, o centro da cidade, se é que Hong Kong tem algum centro.

Trem Aeroporto HK HK_Intrenational_Airport_Terminal_香港國際機場_Airport_Express_tran_Station_HKIA_sign_Oct-2013

Lembre-se, apesar de agora China, Hong Kong está sob regime especial de administração e a imigração exige passaportes como qualquer entrada de país. Brasileiros felizmente são dispensados de vistos para entrar em HK no momento atual.

O quiosque bem no centro do hall de chegada te venderá seu bilhete de trem-metro à vontade – trem de volta para o aeroporto. Você compra seus dias de uso de metrô em HK de acordo obviamente com sua estadia. E na estação HK Central, quando do regresso, você despacha de lá mesmo sua bagagem, para recuperá-la apenas na próxima cidade de seu roteiro.

Ou seja, do centro de HK, longe do aeroporto, você faz seu Check-in, e leva doravante apenas sua bagagem de mão na última viagem que seu bilhete te permitirá, antes de devolvê-lo ao mesmo quiosque de quando da chegada, e receber um estorno em HK dollars.

HK central check in IMG_03721

HK sem dúvida é uma cidade com tempero de todas as culturas daquela região. Entretanto é onde deparamos com um triste fato, onde uma superpopulação de mulheres filipinas fazem seu dia de lazer longe dos locais onde trabalham como domésticas etc., gastando-o ao longo das calçadas, sentadas em grupos sobre pedaços de papelões ou até pequenos e transitórios barracos, numa demonstração que além de apiedarmos daquela gente, nos veio a ideia de um outro país exportador de suas mulheres, ás quais mantêm financeiramente  à distância suas famílias e dependentes.

Mulheres Filipinas DSC_0918

HK realmente é o ponto culminante do ocidente com o oriente, onde estes dois povos mais se mesclaram, e em cada situação do cotidiano, essa mistura se faz pungente.

Foi também o primeiro local na viagem em que vimos alguém detido pelos seguranças, um jovem que roubava pertences dentro do metro. Os taxistas fazem seus “overcharges” de maneira menos ostensiva, mas adicionam sobretaxas incompreensíveis ao preço final.

metro HK mapa, aqui.

Táxi HK  hong-kong-taxi-01

As montanhas atrás da cidade agem como que empurrando o urbano para o mar, a gentileza do chinês se faz presente junto com a competitividade do ocidente, os fastfoods do trigo estão imiscuídos com os refeitórios do arroz, o refrigerante ao lado do chá de jasmim.

Não sei se a viagem planejada era para a China, e sendo assim HK representava um distanciamento deste objetivo. Mesmo sendo HK no geral uma cidade encantadora, porém em cada item, quando visto separado do conjunto, tornou para nós  decepcionante, não havendo então o encontro com a chamada NYC da Ásia.

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De uma superpopulação mais abafadora que a própria China, o calor equatorial, a necessidade de vários dias para se puder dizer que se teve uma visão real do que seria HK, (quando tínhamos apenas 03 noites), tudo isso contribuiu para um estado de anti-climax. Seria um cansaço de quase fim de viagem? Creio que não porque o que tivemos em seguida pelo menos nos deixou saudades.

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Talvez seja isso. Apesar de impecável, HK para nós não revelou aquele encanto explosivo e incondicional que por ela deveríamos sentir.

Para piorar, trata-se de um lugar de hotéis muito caros, bem acima da media da China e nem sempre você recebe pelo que paga. Foi o hotel mais caro da viagem e o único que jamais poríamos o pé novamente.

Sempre me admirei de viajantes queixando de tolices de hotéis onde se hospedaram, mas esta não foi reclamação fútil. O Central Wanchai deveria fechar suas portas para uma profunda reforma. Chego a dizer que nem sei como não há fiscalização quanto a qualidade da hospedagem que é servida. E faço exceção a seus funcionários de portaria que fazem o ritual da boa acolhida, porém, do elevador para dentro, tenham cuidado.

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Contudo, HK é paradoxalmente imperdível, você tem que ter esta cidade em seu currículo se quer se chamar de um viajante. É ponto de partida para explorar todo um continente encantador, é deslumbrante com seus prédios, tanto de dia quanto de noite, que emolduram suas águas.

O aeroporto de HK se não tem o espaço, a plenipotência dos aeroportos de Beijing e Shanghai, por outro lado carrega a agilidade de um gigantesco aeroporto do ocidente, que não deixa aqueles das capitais europeias ou dos Estados Unidos lhe suplantar.

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Acima, Mercado de Jade, Tsim Sha Tsui, e mapa .

Resumo HK como o posto avançado mais oriental do ocidente, carregado insuportavelmente pela alma do primeiro, convertido sem retorno ao segundo. Tsim Sha Tsui que o diga!

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A Pérola do Oriente – Shanghai.

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O automóvel foi diminuindo a marcha e parou bem antes da faixa de pedestres. Estes, ao verem o sinal verde, se puseram tranquilamente a atravessar a avenida.

O que? Isto não pode ser a China NUNCA.

O mais inacreditável é que era sim, mas só que era Shanghai, uma das cidades mais século XXI do planeta.

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Depois vi que não era completamente assim, ainda havia a ameaça das scooters elétricas e das bicicletas implacáveis, e que os automóveis não iriam ceder fácil seu reinado.

Porém muito da China do passado, mesmo do presente havia sido deixado para trás. Agora era a vez do Futuro.

A distância entre Guilin e Shanghai é de 1272 km. Air China nos levou até o aeroporto de Pudong, o mais importante dos dois movimentados aeroportos da cidade, em um voo que chegou após as 23 horas.

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O famoso trem rápido do gigantesco aeroporto de Shanghai Pudong deixa de circular muito cedo para quem chega nos últimos voos do dia. Exemplo da modernidade e do poderio da cidade, para nós de nada serviu.

E o pior, os ônibus aeroporto-hotéis, que todos os guias e posts tanto alardeiam, pareciam ter tomado o mesmo destino.

Pudong ao Centro de Shanghai, Onibus aqui e trem aqui.

Chegar em Shanghai após as 11 da noite, cansado, com um dia todo já cumprido para trás, te leva irremediavelmente aos braços dos taxistas.

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O rapazinho ou mocinha que parecem funcionários de acolhimento aos que chegam estonteados, com toda solicitude que aparentam, te levarão às garras dos motoristas de táxis ou para seus balcões dentro ainda do aeroporto.

Pelos posts, quando o taxímetro de uma corrida Pudong-Centro passa dos 200 yuans, se é que existe algum taxímetro ligado, o alarme já tem que começar a soar. Se for assim, o alarme tocou a toda altura porque a primeira proposta do balconista foi 500 yuans. Consegui baixar para 300 yuans e nenhum yuan a menos.

Imagina ficar no aeroporto com aquele cansaço de um dia de muita adrenalina, às 11 horas da noite, sem saber por onde começar, e o pior, sem conhecer a cidade que parecia indomável até então?

-You from??!!
-Brazil
-Where??
-Brazil

O chauffer não entendia o que era Brasil. Me vali de um livro que li sobre a China, escrito por Sonia Bridi, na minha preparação para a viagem

-Bashi – arrisquei sem saber se era isso mesmo o nome em chinês.
-Bashi? Good!

Não tive certeza se ele entendeu ou se falei alguma bobagem.
Até hoje não sei como é Brasil em chinês, deve ser bashi mesmo, porque funcionou.

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Mas a visão de ver um automóvel interromper a marcha para permitir que os pedestres cruzassem a faixa gerou um sentimento: já não estamos mais na China. E isto desembocou em um certo grau de “blues”.

Contudo a exaustão predominava, afinal os arrozais foram a pouco mais de 12 horas atrás, e era um daqueles dias em que o corpo pesa toneladas.

A única coisa que lembramos dentro deste estado de espírito e perda dos reflexos era que o 35 andar do hotel era alto demais, a ponto de nos gerar o mesmo medo, pavor da altura que tivemos no mosteiro em Datong.

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Escolhemos o Radisson Blue, bem em frente à Praça do Povo, com suas três linhas de metrô, e tudo mais que se queira por perto.
O preço foi de ocasião e é bom planejar com antecedência para se ter o melhor sem pagar o maior. Hoje você deveria estar reservando para a viagem de daqui a seis meses!

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O Radisson foi um dos grandes achados desta viagem. E com o tempo que lã ficamos, vimos o quanto valeu a pena. Simplesmente era próximo de tudo.

Como em Shanghai parece que todo prédio tem seu próprio shopping, o Radisson não era diferente. Do outro lado da parede estava um shopping com tudo que se quer comprar e com a comida para todas as ocasiões do dia.

Shanghai é um exagero. Pensava que Cingapura ou mesmo Seul tinham atingido o máximo que uma cidade podia oferecer, mas nos enganamos. Shanghai estava mais além, quilômetros para ser mais preciso.

Metro de shanghai aqui.

mapa metro Shanghai aqui.

Da mesma forma que foi com Beijing, dominado o metrô, a cidade está conquistada. O mesmo esquema de segurança, o mesmo rx para as bolsas etc, o metrô de Shanghai parece ir mais à frente. Em pujança das estações, em comércio em seus corredores, em número de linhas, em quilômetros de trilhos. Cruz Credo, acho que Shanghai deixou NYC para trás.

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A avenida beira rio, ao longo do rio Huangpu, com seu calçadão, fornece visão das embarcações de todos os tamanhos que sobem e descem seu caudal, transportando cargas e pessoas. Aqui se tem pleno avistamento da “pérola do oriente”, prédio de TV da cidade, que cobra seu bilhete conforme a altura em que leva os turistas ansiosos para ver do mirante, um pouco mais da cidade ultramoderna. Veja os preços na bilheteria bem na entrada do prédio se você acha que vale pagar pela visão.

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Também de beira rio, vê-se o complexo de prédios que lembram, aqui sim, cenas de Blade Runner, o prédio inteiro mostrando a personagem chinesa que imita cenas do filme.

E é dali que se avista o prédio de 125 andares, em processo final de construção, em alguns momentos sufocado pelas nuvens que passam abaixo do seu topo.

Do lado de lá do rio Huangpu avista-se esta banda de cá, sua selva de arranha-céus luxuosos e de arquitetura, cada uma criando modelo único.

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Shanghai é fácil de ser conquistada devido ao seu estilo fortemente ocidental, somado ao seu povo chinês com todas suas excelentes qualidades. Os estrangeiros estão por todos os lados, os turistas chineses invadem a cidade da mesma forma.

Shanghai é sem dúvida uma das cidades mais desenvolvidas de todo o planeta, com um longínquo, mas presente, tempero chinês. Em Shanghai realmente a China ficou para antes, Beijing cedeu seu lugar, e Shanghai se tornou a número um.

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Todas as marcas comerciais do mundo estão fartamente repetidas por toda parte, até a exaustão.

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A atração é realmente a calçada. Não há passado para ser visto. Existe o apogeu em cada prédio, cada avenida, um clímax pintado com as cores do Império do Centro.

Flor de Osmanthus

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Xi’an para Guilin, 1550 km. China Southern nos levou até lá.

Existe uma grande mudança da China entre estas duas cidades mas na verdade permanece a mesma coisa, continua surpreendente e encantador como sabe ser este vasto país.

Se Xi’an representa a China do estereótipo, Guilin continua com tudo que a China tem, mas é radicalmente o contrário.

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Se ninguém falasse, se a realidade não imperasse, diria que o avião escapou da rota e foi parar no Vietnan, no clichê que este país é construído em nossas mentes.

Entretanto não é Ha Noi, é ainda a China.

Quando se chega o aeroporto de Guilin, a coisa fica diferente, hã um sentimento de que a regiâo ainda não sofreu o boom econômico do resto da China. Mas quem liga para isso? Afinal é Guilin!E continua sendo a China!

A mata parece querer avançar para dentro da pista, ao passo que na China de antes era sempre ordeiro e dominado. O calor tropical exige andar de sandálias e bermuda o tempo todo.

Estes foram os trajes que Jerry, o mais hiperativo de nossos guias, nos aconselhou de imediato assim que nos viu. Foi Ding Yi que o contatou para nós, e ele, não sei como, sem placa com nosso nome, simplesmente foi se apresentando certo de que éramos quem ele deveria procurar.

No estacionamento do aeroporto esqueceu onde estava seu carro. Pediu então para que ficássemos debaixo da sombra de uma pequena árvore enquanto ele tentava achar seu veículo, uma versão prata do sedan de Michael, em Beijing.

Também nem quis saber de nossos pertences, foi andando agitado na frente, enquanto corríamos atrás do lépido guia, no tempo sufocante do sul da China, lugar onde fica Guilin.

No que seria um translado aeroporto – hotel – aeroporto, virou uma “longa e impossível de se realizar por conta própria excursão” para as vizinhanças da cidade, se não fosse sua preciosa ajuda.

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Não parava de falar o Jerry, e quando em vez de inglês, me confundi e respondi em francês, ele quase foi ao delírio.

Depois disse que via raramente brasileiros e podia fazer um preço bom para brasileiros na excursão do próximo dia. Desconfiei, achei que era apenas o Jerry querendo vender seu peixe. Me enganei, quando fui comparar com os europeus e americanos do outro dia, vi que ele realmente caprichara com os turistas do terceiro mundo.

Ele explicou que não recebíamos em dólar ou euro, então tinha que ajudar de alguma forma, e o fez.

Negócio fechado. Disse que a partir do dia seguinte seria com seu colega, que ele apenas participara do contato, e me pediu se eu teria moedas ou notas de Reais, pois era colecionador. Enchi-lhe a mão com todas as moedas do Brasil que eu carregava e com algumas notas.

Jerry se foi conforme chegou, em um zaz!

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Na verdade, o translado aeroporto hotel aeroporto, mais uma excursão no rio Lijiang com visita a Yangshou, mais os terraços dos arrozais na manhã do último dia de Guilin sairam por 60 dólares por cabeça. Achei em conta. Depois que fiz tudo, achei de graça.

Nessa cidade, nosso hotel era fantástico. Pegamos um preço em promoção no site de hotéis ainda no Brasil e fomos parar no Lijiang Waterfalls. Portaria simpática e atenciosa, quartos bons, vista para o rio e as pagodas do sol e da lua, conforme tínhamos feito na reserva. Demais mesmo!

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Porem Guiling (flor de Osmanthus) requer uns cinco dias para se ver, não os dois que ficamos. Tem muita coisa para se conhecer e deixamos de visitar lugares imperdíveis.

De início, fizemos a tradicional reconhecimento de área, através de uma volta pela avenida beira rio. Choque cultural!! Será que o avião não enganou e foi mesmo parar no Vietnan? Não é possível! Se pensávamos que entendíamos de China, vimos o tanto que erramos.

Era Ha Noi, não podia ser a China!

Os chapéus tão característicos do Vietnan, o clima, mas pior…. o trânsito.

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Acho que o pneu de trás de uma moto se ligava ao pneu da frente da que vinha atrás, de forma que era impossível vencer aquela barreira de scooters elétricas. Simplesmente impressionante o trânsito de Guilin e após algumas centenas de metros andados e muita aventuras atravessando a mais estreita rua que fosse, nos demos por vencidos.

Até a policia nos ajudou a atravessar avenidas simplesmente parando o trânsito, do tanto que esperávamos entre dois obstáculos na calçada para cruzar a rua, obstáculos estes estreitos o suficientes para impedir que uma scooter assassina viesse nos abater no passeio. Batemos em retirada para o Lijiang Waterfalls.

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À noite, fizemos uma segunda tentativa na feira atrás do hotel, com quarteirões fechados (ou quase) para o trânsito. Me arrependi por não ter tentado o Fish Spa, e passado alguns minutos com aquele cardume comendo a pele de meus pés. O preço era o mais em conta que até então vimos, 60 Yuans, 10 dólares. Mas acho que pegamos o distúrbio de Jerry e após tantas aventuras, estávamos também hiperativos.

Na outra manhã cedinho, o ônibus que passava de hotel a hotel recolhendo excursionistas, se deteve em frente ao Lijiang, e fomos em frente com a condução de Shao Liu, cujo nome inglês era KFC.

Shao Liu falava um bom inglês e tinha a tez mais escura do que o habitual dos chineses. Ele confirmou algo que ouvira antes na Coréia. Após pregar um decalque em cada um de nós, disse que o fazia porque da mesma forma que para nós chinês é tudo igual, para eles, ocidentais “é também tudo igual”.

Em pouco tempo estávamos já iniciando pela paisagem de geografia tão singular, que lembra a de Ha Long, no Vietnan!! Morros se levantavam da terra em repetição cada vez mais intensa, até que suas bases foram tomadas pelo plácido rio Lijiang.

O passeio no rio Lijiang é apocalíptico, fenomenal, impressionante, além da imaginação. Como é bonito andar pelo rio Lijiang nos botes de pseudo-bambus, na verdade canos de PVC, com a propulsão de pequenos motores. Em cada metro um novo deslumbre, uma profunda incredulidade de estar ali vendo o que víamos.

Quatro pessoas assentadas, com uma cobertura em cada bote contra o sol inclemente, e o condutor em pé atrás, domando seu pequeno motor.

O ônibus nos pegou rio acima e nos conduziu a Yangshou, onde comemos nas redes ocidentais de fastfood, pois pelo que parecia, éramos trigo e cana de açúcar dependentes.

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Yangshou vale a pena, é uma Guilin infinitamente menor. Os montes característicos da região estão por toda parte e alguns viajantes acabam se hospedando alguns dias na pequena localidade, que também tem um feira de artesanato, muitos bares etc. (os europeus que ficam dois anos viajando, não nós com apenas quase um mês de férias).

Fomos para a segunda excursão com Shao Liu pois após visitarmos o rio Lijiang, queríamos mais. Esse complemento saiu em torno de 15 dólares para cada. Vale cada centavo.

Incluía passeios em botes autênticos de bambu (não pvc) com propulsão pelos braços dos remadores que fazia o pequeno bote ir em frente com sua vara que tocava o fundo do rio.

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Assistimos uma demonstração de pesca com o Cormorão, que de autêntico para a sobrevivência daquela gente passou a ser um espetáculo apenas para turistas, mas vale para quem já leu a respeito.

Alimentamos um búfalo com espigas previamente deixadas pra o contato estrangeiro – força motor da agricultura… e ficamos totalmente encantados com tudo que nossos olhos enxergaram aquele dia. Único, apesar de turístico. Gostaria de repetir tudo outra vez.

Fomos deixados no outro lado da avenida do Lijiang Waterfalls e quase não conseguimos cruzar rua, se não fosse um minuto de arrefecimento daquela fila de carros e duas rodas … para em seguida sermos quase abatidos na calçada pelas motos silenciosas e elétricas que vinha de todas as direções.

Refeitos, fomos jantar, escolhemos um spaghetti, pobre de nós, escravos do trigo.

Escutar Hey Jude no restaurante, de frente para o rio Lijiang que cruza também Guilin, foi como a cereja do bolo. Emocionante, grandeza por toda parte!

No hotel, antes de dormirmos, recebemos o telefonema de Jerry confirmando o último passeio nos arrozais. Descartamos as plantações de chás porque achamos apertado em tempo, e não queríamos ir destruídos e suados para o aeroporto, pois faríamos o check out antes do último passeio.

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No último dia, bem cedo, aparece um senhor que não falava uma palavra de inglês mas que oferecia um telefone já com a ligação feita, onde conversamos com alguém de excelente sotaque britânico. Fomos para os rice paddies, 70 km de Guilin.

A viagem foi tenebrosa, a direção mais perigosa de nossas vidas. Se os arrozais foram fantásticos, o medo durante a rodovia, e pior, na escalada alucinada pela montanha que nunca acabava, em curvas de níveis cada vez mais altos, onde se ia vendo o abismo de muitas curvas da estrada abaixo, comprometeu nossa satisfação no último site de Guilin para nós.

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Até hoje a aventura rodoviária nos assombra. Nossa salvação foi que Jerry ligou quando estacionamos o carro, e ainda estávamos vivos bem na entrada do ponto de partida morro acima a pé, para os arrozais, lhe pedi que dissesse ao motorista que não mais fizesse aquilo.

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Pensei que ele ficaria indisposto com os estrangeiros mudos e apavorados, que nada, o homem fez de tudo para nos agradar na volta, e ficamos com compaixão de tamanha humildade que ele se postou.

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Ah se eu tivesse pelo menos vinte anos a menos. Subiria até o topo dos arrozais e fotografaria o mundo aos meus pés. Mas naquele calor insuportável, morro acima sem fim, conseguimos ir até certo ponto. Depois deixamos os jovens seguirem em frente.

Será que a dieta de trigo e cana de açúcar deixa as pessoas inaptas para escalar montanhas tão altas como aquelas? Pois os chineses, da dieta do arroz e dos chás sem doce, jovens, idosos, seguiram sem parar serra acima, enquanto recuperávamos o fôlego sentados na primeira sombra que achamos?

Em cada estação do ano você encontra os arrozais de uma maneira, de uma coloração. Nós os vimos amarelados, cercados por montanhas poderosas que os escondiam.

A gente típica daquele lugar desfilava serra acima e abaixo, vestidos em seus trajes coloridos.

Foi nos arrozais que achei para presente, o livro vermelho do Mao. Um souvenir que começou com 100 Yuan mas que só consegui abaixar para 60 Yuan. Realmente é uma arte saber comprar na China. Depois fiquei me sentindo mal por ter diminuído o ganha-pão daquele povo simples e sorridente, só para me gabar um bom de barganha.

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Dos arrozais, e com velocidade pela metade daquela que fomos, chegamos até a rodovia que levava direto para o aeroporto.

Lá estava Jerry nos esperando, para uma foto, e para nos levar até o setor de embarque do aeroporto de Guilin, de onde partimos tarde do dia para Shanghai.

XI’AN – EXÉRCITO DE TERRACOTA

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Não existem voos diretos entre Datong e Xi’an. É necessário voltar ao aeroporto de Beijing e dentro da área interna, fazer uma conexão doméstica. É ideal pois evita passar novamente pelo setor de segurança que na China é por demais minucioso.

De Beijing a Xi’an são cerca de 1:30 h de voo. O aeroporto de Xi’an é de médio porte, do tamanho de Guararapes PE, ou Confins MG.

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O voo com a Air China é muito tranquilo, eles são profissionais, as aeromoças atenciosas, tudo funciona.

Olhando as aeromoças, todas com o corpo mirrado parecendo adolescentes, apesar que deviam ter seus 20, 30 anos, vi como os chineses são conservados, como cuidam bem da saúde e da aparência. Raro é o obeso. O pais é movido por aquele povo magrinho, sim, magros de saúde, nada dos sobrepesos e obesos viciados em trigo e cana de açúcar.

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Do lado de fora nos esperava Ding Yi, outro guia que Michael tinha feito o contato para nós.

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Vale a pena ter este conforto, afinal você trabalhou onze meses no ano, e não é possível que não possa contratar alguém para te buscar e levar ao aeroporto, além de ciceronear nos passeios que cada cidade oferece.

No final, o preço sai barato, nada de taxis, nada de se virar para achar a direção, estamos na China, a escrita é chinesa, deixe isso para Europa e EUA onde você mesmo encontra o seu destino.

Como o tempo é curto, poupe estes aborrecimentos. Fica em torno de 100 a 150 dólares cada um dos guias chineses. Na minha opinião vale, porque na China você não tem tempo a perder.

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Ding Yi foi o mais compenetrado, o mais sério de todos os guias que tivemos. Ele no seu Passat VW que estava com a embreagem precisando de reparos, foi de enorme utilidade. Nos buscou e levou ao longínquo aeroporto, nos ciceroneou pelos Guerreiros de Terracota e ficou decepcionado porque o dispensamos de outros passeios.

Tinha as opiniões as mais profundas sobre tudo e me deu uma lição que somente um sábio chinês pode ensinar.

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Perguntei se ele preferia Mao Zedong ou Deng Xiaoping. Ele sério me respondeu que independente de quem seja o Chairman, ele tem que trabalhar duro todos os dias. Como isso serve para cada um de nós, em todos os dias!

O hotel que parecia bacana na internet, ao vivo revelou-se meio envelhecido, sempre uma multidão de turistas, com muito fumo passivo a nos aborrecer. O bom é que era central, e funcionava como abrigo em uma Xi’an por demais chinesa.

Do lado de dentro das muralhas, onde ficamos, uma profusão de vielas com scooters, similares de tuctuc, e outros veículos de duas rodas, sem contar o combate dos automóveis, puxa, um outro mundo bem diferente do que estamos acostumados!

No outro dia, Ding Yi veio nos buscar cedo e pontual para a tão esperada visita aos guerreiros de terracota, outro ponto alto, e ponha alto nisso, de nossa viagem. Na verdade, da mesma forma como a torre Eiffel, o Coliseu, o……..

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Longe uns 40 kms de Xi’an, depois de uma profusão de plantações de romãs, finalmente chegamos ao local que em 1974 foi descoberto por acaso uma das maiores preciosidades da antiguidade.

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Ding Yi nos contou que os agricultores que fizeram esta descoberta tornaram-se superstars, escreveram livros, deram entrevistas, apareceram na tv, conheceram presidente americano, acho que Clinton os quis conhecer. Alguns já morreram, outros ainda desfrutam da fama e da fortuna.

Se paguei 30 dólares para visitar os quatro galpões dos guerreiros, pagaria 60 ou 100 dólares. Aquilo é a essência da humanidade, de suas realizações, de suas ilusões.

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Existe uma infraestrutura sólida, uma capacidade para absorver as dezenas de milhares de pessoas que para lá são atraídos, uma verdadeira cidade em torno da quase fazenda onde o imperador mandou sepultar as réplicas de terracota de seus guerreiros, animais, carruagens e por aí vai.

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Quatro galpões compõem o acervo onde, enquanto os turistas desfilam abobalhados, os restauradores labutam incessantemente.

Quando acaba a visita tive dúvida se realmente eu estive ali, se cheguei mesmo a por meus olhos nesta realização do homo sapiens. Até hoje não acredito, mas sou convencido a fazê-lo porque tenho fotos onde apareço com os guerreiros ao fundo.

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Ding Yi espera paciente o retorno dos brasileiros, depois pergunta se não queremos comer da típica comida chinesa. Nos leva até a porta do restaurante que funciona no terreiro de uma residência, e volta a nos esperar lá fora.

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No Chili, No Pepper, Not Hot. Finalmente vimos que a moça chinesa entendeu nossos pedidos e foi ai o lugar da primeira vez que conseguimos comer uma comida do início ao fim. O refrigerante, sim, Coca-cola, foi servida morna como de costume. Ah, essas filosofias chinesas!

Quando Ding Yi nos deixou no hotel, nós o dispensamos, pois preferimos explorar a muralha da cidade por nossa conta. Só de chegarmos lá atravessando ruas e avenidas da parte antiga de Xi’an já era uma prova que estávamos adaptando bem à China.

A propósito, Ding Yi não tinha nome inglês, ele era sério demais para se submeter a esta globalização.

A muralha de Xi’an foi um passeio fantástico que fizemos, apesar de termos visto opiniões de viajantes que malharam o local. Não entendo porque!

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Você pode alugar bicicleta para uma ou duas pessoas pedalarem ao longo dos 14 km de muralha (é barato), pode optar por pagar um lugar no carro elétrico que vai lentamente fazendo o percurso ( talvez custe umas três vezes o valor da bicicleta) ou faça como nós que fizemos metade do percurso a pé lentamente, saboreando cada vista, tanto do lado de dentro das muralhas, a cidade antiga e repleta da China do passado recente, ou olhando para fora das muralhas e vendo a China do Futuro.

O por do sol atrás das construções chinesas espalhadas pela pista larga e bem cuidada da muralha também se assemelha com a torre Eiffel, com o vale do Kadisha no Líbano, com….. Como é fantástico poder andar sem preocupação alguma, sem temer assaltos, sabendo que em volta está um povo educado e respeitador com mais de 5 mil anos de cultura?!

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Na volta, uma visita à praça do tambor, com sua construção iluminada, muito bela, e um mergulho em um shopping center bem ao lado, extremamente chique, em busca de uma forma para descarregar as fotos da máquina, já que o cartão estava repleto de suas duas mil fotografias, e esquecemos alguns acessórios no Brasil.

Voltamos ao hotel conformados com nosso destino em ir embora no dia seguinte, apesar que gostaríamos de fazer outra volta pelo mirante que a muralha de Xi’an propicia.

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Ding Yi compareceu pela manhã calado, estava mais introspecto ainda, nos levou monótono ao aeroporto, onde iríamos direto para Guilin, suas duas horas de voo dali.

Xi’an foi uma experiência marcante demais, tão chinesa, tão mundial! Acho que deve-se ir à Xi’an, mesmo que seja por apenas dois dias. Não se vai a Londres sem se ver o Big Ben, Abbey Road, Buckingham ……