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Daqui se pensava que era selva pura, floresta equatorial por onde, entre árvores que iam até os céus, ruas se insinuavam.
Pura plantação de borracha, com insetos infernizando quem por lá se aventurava.
Que preconceito, uma antevisão de um local apenas com as poucas informações que se consegue juntar para formar na mente uma noção do que há por vir.
Quase sempre erradas, engano puro!
Isto é perdoado porque os de lá também fazem errônea ideia do que se tem por aqui.
Por exemplo, Brazil? Samba! E os braços batem imitando a dança do pintinho amarelinho, engraçado ver como faziam noção de como se dança o samba, e de como o Brasil é samba o tempo todo.
Brazil? Não, não pode ser! Você não é negro! Como você pode ser brasileiro?
Kuala Lumpur, talvez seja o exemplo de engano dos preconcebimentos.
Equatorial a cidade é, pelo calor, pelas bananeiras que vão vingando na beirada da linha do excelente metrô. Mas só. O resto tem aspecto de megacidade, de desenvolvimento, de limpeza urbana, da agitação que toda metrópole possuiu em si própria.
Kuala Lumpur é uma excelente surpresa!
A menos de uma hora de voo de Singapura, com voos baratos servidos pela Air Asia, SEM A NECESSIDADE DE VISTOS para brasileiros, Kuala Lumpur oferece excelentes hotéis a preços muito em conta.
Uma mistura de malaios, chineses, indianos e demais povos da região, Kuala Lumpur oferece também a culinárias de toda essa gente a um preço muito acessível.
Possui as franquias das marcas ocidentais, deste o onipresente Starbucks, ou Macdonald’s, etc, até as grifes refinadas distribuídas fartamente em shoppings e mesmo nas lojas abertas diretamente na rua.
O aeroporto internacional, quando se chega pelas low costs, se faz através de um terminal da mesma forma low cost.Parece o terminal 4 de Guarulhos.
Você desce do avião e caminha um bom trecho até o local das formalidades de fronteira. Mas este aeroporto também tem sua parte vip para os voos internacionais, com companhias da Europa e as regionais chiques fazendo fila para decolar.
O problema é que o aeroporto internacional de Kuala Lumpur está a 70 km da cidade, o que demanda escolher uma boa maneira para chegar ao seu hotel.
Pela Air Asia, pode-se comprar bilhetes de ônibus desde a reserva da passagem, mas te digo que foi uma dificuldade conseguir achar o ônibus expresso no pátio de estacionamento do aeroporto.
Os taxis e vans também concorrem para amealhar seus passageiros.
Vimos notícia do trem expresso que estava para entrar em operação, o que seria uma benção, já que o trajeto é penoso pelos meios acima citados. Entretanto durante nossa visita não conseguimos alcançar este benefício.
Espero que logo seja a forma de conexão à cidade porque a viagem de ônibus foi realmente isso, uma viagem, e a volta de van foi uma roleta russa, com o motorista dirigindo como piloto de formula 1 do autódromo internacional ali por perto.
Mas passado este desconforto ( que faz parte para quem viaja independente), Kuala Lumpur vale os dias para lá destinados.
Sentimos uma atmosfera suave cidade afora, um estado de espírito que se justifica pela limpeza e beleza da cidade. Prédios gigantescos, seu ápice na torre Petronas com sua gemelidade e preço algo extorsivo para acessar o elevador que te leva ao topo.
As torres Petronas constituem construções requintadas, com estação de metrô, shopping, e ostentação por todos os lados.
Mas a KL Sentral é que constitui o ponto cerne de onde partem todos os caminhos.
Um guichê providencial vende corridas de táxi pré pagas, sem o drama de negociar diretamente com os taxistas e seus pequenos delitos. Estes taxis esperam do outro lado da parede e a um preço muito em conta.
A duplicidade de empresas que disputam o transporte público faz com que você tenha que comprar cartões diferentes para algumas linhas, ou seja, elas não são integradas. Contudo, o preço é muito acessível e quem viajou até o outro lado do mundo não vai ligar em pagar dois dólares à mais para conhecer a cidade.
Você vai usando o transporte público, metrôs e monotrilhos, e vai recarregando seu cartão, no nosso caso, no guichê, pois não deu tempo de aprender a mexer com as máquinas.
Essas viagens curtas têm vantagens e desvantagens. Se por um lado você conhece lugares que dificilmente te faria virar a terra para ir lá exclusivamente, por outro te impedem de um domínio profundo a ponto de esgotar o que o lugar tem a oferecer.
No entanto, acho que assim que você por lá passou, certamente, se a cidade bater com seu santo, vai querer voltar e o fará em um nível de maior expertise.
KL é segura, você pode sacar dinheiro direto da máquina em plena rua, as lojas de câmbio são separadas da calçada por uma porta de vidro, e durante o tempo que estivemos na cidade, 04 dias, não vimos nenhum episódio de distúrbio da paz social.
Battu Caves
Um ponto obrigatório nesta viagem, uma iniciação ao mundo Hindu, como também um pouco de aventura.
Localizada na periferia da cidade, você chega lá de metrô, ou seja, nada de taxi. Na linha de metrô que você acessa em KL Sentral, paga seu bilhete um pouquinho só mais caro comprado nos guichês desta estação, e vai vendo a cidade ir passando pelo vagão novíssimo, ouvindo o alerta da voz que a cada parada, se repete em uma entonação de inglês inesquecível – Please mind your steps. Que saudades!
Battu Caves está ali, pertinho da última parada.
Os edifícios religiosos com suas representações gigantescas de divindades enchem a praça e tem seu ponto alto com Lord Murugan, imagem dourada enorme que predomina junto ao acesso à imensa escadaria de 272 degraus
Nessa subida, provavelmente você já passou pela adesão aos símbolos religiosos indus, como pulseiras e a marca colorida (Tilak) na fronte.
Infelizmente tudo isso não será certamente suficiente para blindá-lo contra o bando de macacos que espreitam ao longo de toda a íngreme subida, em degraus estreitos, e estes pequenos delinquentes te roubarão tudo que destacar de seu corpo como alimentos, flores do cabelo ( como eu vi em uma devota hindu), maquinas fotográficas ou óculos se eles cismarem que podem transformar em algo comestível.
Uma parada em frente ao pequeno marginal postado no corrimão vai resultar em uma ostensiva mostra dos dentes belicosos destes macaquinhos que desafiam quem ousa questionar seus hábitos de fora da lei.
Os hindus sobem a escadaria distante dos pequenos delitos à sua volta, enquanto pirulitos de crianças, garrafas de água e bolachas de adultos são subtraídos em esperteza e maestria pelo ataque coordenado de 03 ou 04 meliantes.
No topo da escadaria, abre-se uma gruta com vastíssimo salão, onde artigos religiosos são vendidos, e novos templos com devotos em oração se sucedem.
É hora da volta escada abaixo e à novo ciclo de achaques feitos pelos pequenos primatas.
A despeito de tudo, vale a pena ir a Battu Caves, um lugar realmente incrível, um portal para um mundo distante de nossa realidade de ocidentais.
Templo Thean Hou
Agora é vez do Budismo, neste belo templo construído no topo de um morro, em área residencial.
A melhor maneira de lá chegar também é via KL Sentral, com um táxi pré pago que te deixará na praça bem em frente ao prédio.
Este se destaca por suas cores exuberantes com predomínio do vermelho, as lanternas característica do mundo oriental, pela música que se repete em suavidade e infindavelmente, pelo odor de incenso e pela placidez dos rostos orientais de semblante mais etéreo e menos invasivos que os de Battu Caves.
Uma visão de KL pode ser obtida ainda mais se você sobe as pequenas escadas e usa o posto de observação do teto do templo. Também encontrará no andar inferior lojas de souvenirs e locais de alimentação.
O complicado na volta do templo é conseguir o transporte para o centro de KL, quando você cairá inevitavelmente nas propostas dos taxistas indianos, 4, 5 vezes mais caras do que pagou em KL Sentral para vir até o templo. Taxímetro, nem pensar!
Preferimos descer o morro à pé e caminhar pela avenida cerca de 01 km até a estação do monotrilho do que nos sujeitarmos a esta extorsão. O calor avenida à fora incomodou menos do que sermos tratados como mina de ouro para estes motoristas inescrupulosos.
Considerações Gerais.
Apesar de que KL tem um custo barato para o turista, as lojas de marcas famosas imitam o preço do mundo afora, e somente algumas lembranças justificam um gasto para o viajante.
O trânsito não tem o furor insano dos demais países asiáticos, os faróis ( sinais ) para pedestres são respeitados e apenas algumas motos na contramão ou em cima da calçada lembram o de praxe dos perigos urbanos daquela parte do mundo.
A mão de trânsito é a inglesa.
O fuso horário é de 11 horas a mais em relação ao horário de Brasília.
O calor é intenso porém não sufocante e o ar condicionado está por todos os lados.
Bairros como Little India e Little China, todos acessados pelo metrô, são destinos valorosos de compras e de alimentação típica e o mercado central na beirada do bairro chinês merece uma visita pela variedade de produtos e restaurantes de comida rápida.
A presença mulçumana, hindu, budistas, cristã etc. transforma KL em uma cidade de grande tolerância religiosa e a pergunta a um taxista malaio sobre se haveria problemas com tantas religiões juntas, mereceu a resposta de que não há problema algum – porque deveria ter problema? Não está certo problemas, enfatizou.
Faltou o resto do país, suas praias, seus resorts, mas como dito antes, uma passagem de apenas reconhecimento de KL pode implicar em um retorno demorado e estendido ao país, porque se o negócio for empatia, saiba que com KL, o “santo” combinou direitinho.